domingo, 29 de dezembro de 2013
Não recordo o nome do lugar em que se passa
Eu lembraria dos movimentos de suas mãos mesmo que não as mexesse ao pedir o café preto. Era bem verdade que até ali eu nunca havia me interessado tanto por mãos, mas eu lembraria das dela por toda uma vida. Apaixonei-me por seus movimentos há duas semanas enquanto assistia ao ballet, ela dançava the swan e lembro-me que era a única coisa que importava. Pelos minutos que a música levou do início ao fim, eu estava hipnotizado, fora de mim. Seus longos braços lançavam os mais puros movimentos, invejados pelas ondas do mar, leitor, porque faziam qualquer sujeito chorar. Ela lia o jornal e não me notava, o meu jeito desajeitado passava longe de ser belo ou notório e ela lia o jornal como já lhe disse, conquanto nunca haveria de me notar. Não que eu quisesse, não acredito que poderia manter-me sóbrio enquanto conversasse com ela, parecia-me impossível.
Todavia, dei-me num sonho vivo, enquanto acordado com meu próprio café a caminho da boca, já com biquinho e tudo; numa cena dessas, totalmente patético, encontrava-me sonhando alto, eu diria. Ela dançava pra mim num estúdio bem iluminado, só pra mim, não poderia dividi-la com outra pessoa, com outros olhos apaixonados porque ela só precisa dos meus. Nessa hora eu deixaria de existir, e ela trazendo-me toda beleza resumida num bater incomum de asas com seus braços marcaria a minha partida.
domingo, 15 de setembro de 2013
um monte deles
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
A palavra beleza teve a fineza de lhe acompanhar por sua vida.
segunda-feira, 2 de setembro de 2013
estado de tristeza intensa, traduzida pelo sentimento de dor moral e caracterizada pela inibição das funções motoras e psicomotoras
a iluminar
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Take 1
Narrador: - Então, ela estava sozinha. Embora não totalmente, seus pensamentos margeavam seus olhos em completa morbidez. Sua morbidez embrenhava-se em seus cabelos num completo emaranhado de deixas, madeixas e mal-me-queres.
(A câmera continua afastando)
Narrador: - Ela estava quieta e momentaneamente perdida. Ela não podia deixar que notassem, então, fez-se ninguém em nenhum lugar exatamente.
domingo, 11 de agosto de 2013
Abbey Road
Ele estava na sacada porque lá ventava, ele geralmente fumava lá. Vestia samba canção e uma camisa do Pink Floyd com umas manchas de café na barriga, o ano era 1969. Pelo apartamento que dividíamos no centro tocava o Abbey Road que havia lançado meses atrás. "I want you..." ao fundo e o vento sacudia seus cabelos e eles eram dourados, vinham dum profundo vento pra todas as direções e daqui do sofá era bonito. Seu rosto estava virado pra rua, hoje eu não me lembro como aparentava. Poderia ter barba naqueles dias, poderia não ter. "I want you so bad" ao fundo. Do sofá parecia bonito e eu estava estagnado comercialmente. Estava desempregado há 2 meses e minha música não parecia fazer sucesso. A geladeira andara tão vazia... A verdade não estava lá, estava aqui do sofá.
"She's so..." ao fundo. Ele a deixara e não gostava de falar nisso. Andou estranho nas últimas semanas e enchia a cara com maior frequência e de costas seu corpo brilhava com o sol da manhã, riscava uma sombra no tapete. Não podia aguentar. "...Heavy" ao fundo. Segui por ela como que por inconsciência. O Abracei e ele sorriu, eu consegui ver através da sua cabeça como se ele usasse uma máscara dos velhos espetáculos, não saberia dizer se sorriu porque sentia meu pau na sua bunda ou por outra razão. Nós fumamos até o fim da manhã e ele saiu pra trabalhar.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Um desses dias aí
As pessoas continuam certas de suas vidas e se sentem donas de qualquer e toda razão. No fundo elas não sabem coisa nenhuma e quanto a mim, muito menos. Eu estou completamente perdido num emaranhado de ruas e isso é um pouco triste.
quarta-feira, 5 de junho de 2013
sacada
e era bonito
mas sua sombra passou
pro banheiro e
quinta-feira, 30 de maio de 2013
sexta-feira, 24 de maio de 2013
Você não se importa mesmo, né?
Você realmente não dá a mínima, dá pra ver. Então você deveria ir até aquele prédio, pedir cerveja preta e ficar fumando no balcão. Todo mundo espera que você faça isso. Sabe quantos caras andam atrás de você? Um monte deles. Um deles vai aparecer no bar e vai piscar pra você. Um meio riso será suficiente pro maldito se aproximar, ele vai gingar (infelizmente), mas vai. Você vai se perguntar que porra tá fazendo mas no fundo, apesar de ser decadente, você não desgosta. Não é como se alguém desgostasse disso, você não é diferente e vive dizendo que é. De qualquer forma, o cara vai querer impressionar pagando uma bebida cara mesmo não sendo rico ou essas coisas, ele polpou porque quer comer e não beber. Você sabe. Quando ele tossir pela terceira vez, você vai bufar e apagar o cigarro. Mulherzinha.
Ele não tira os olhos das suas pernas e elas são brancas. Ele consegue imaginar a mordida que vai deixar ali, consegue sorrir de prazer. Ele te quer tanto. Assim como aquele monte de caras, mas, esse apareceu primeiro e essa é a regra. O garçom andou perguntando por você, nada de novo. É melhor subir e fechar a porta do quarto de hotel.
terça-feira, 21 de maio de 2013
Eu não bebi o expresso porque meu horário de almoço terminou antes
Eu estou vivendo minha pior situação amorosa sentado num café naquela rua movimentada, eu estou lendo o jornal. Pedi um expresso e perdi o maço que estava no meu bolso. Essa semana eu percebi que o amor não existe e que muita gente se perde por achar o contrário, eu estava perdido. Então eu li os poemas que ela costumava me escrever e eles eram bons e falsos. Hoje, eles são tão falsos quanto um dia foram. Eu tenho um falso poema no bolso enquanto não tenho meu maço e isso é uma merda. O cara com a rosa levanta e vai embora, talvez seja despedido ou talvez trabalhe no meu andar.
domingo, 19 de maio de 2013
antônio roux, carioca. {1}
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Eu tinha meu uísque
Eu imagino o que a fumaça achava disso. Ela sempre dançava descompassada quando saía da minha boca e você achava graça. Sério? Eu era péssimo mas ela gostava de te obedecer. Você brincava de romper os círculos que saíam da sua boca e eu tenho certeza que a fumaça gostava. Tanto que me fazia de idiota na sua frente pra ganhar toda a atenção. No fim não importava, eu tinha meu uísque.
terça-feira, 7 de maio de 2013
Você está do avesso
(Soa melhor escutando "Si Tu Vois Ma Mère" do Sidney Joseph Bechet, mas na versão que toca em "Midnight in Paris" do Woody Allen.)
sábado, 4 de maio de 2013
Pálido como folha
Sabia que você está revirando os olhos? Não, não precisa abri-los! Aja naturalmente. Você revira os olhos e não passa de prazer apesar de estar tentando não perder o controle. Ele está te abrindo como uma carta, deve estar te lendo, deve estar. Você continua revirando os olhos e no fundo eu gosto porque sempre gostei quando seus olhos perdiam o foco. Agora você sorri e solta cada riso! Continua descendo e descendo e descendo e rindo e isso não é engraçado! Não é. O suor no seu pescoço tá seco ou seria saliva? Você molha os lábios e
Eu não acredito em você.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Que frustrante!
Enquanto eu olhava carrancudo pro limoeiro eu percebi que alguém me olhava. Busquei todas as janelas dos vizinhos: nada. Pressentimento besta? Não, porque quando eu me ajeitei no degrau eu a vi: uma rolinha. Sim, aquele pássaro marrom estava bem atrás de um vaso de plantas e esse texto será em tempo real, assim decidido, vamos ver o que acontece:
Vou pegá-la e colocá-la num lugar melhor, talvez com água. Oh, não! Quando eu tentei segurá-la, ela tentou voar e bateu de cara no muro. Farei uma segunda tentativa: meu deus, droga droga droga mil vezes droga... Eu nunca mais escreverei em tempo real de novo, que porra triste! Quando eu cheguei perto, ela caiu na minha mão como se tivesse desmaiado e começou a se contorcer como se estivesse tendo uma overdose, de fato, vazou um líquido verde de seu bico enquanto ela morria na minha mão de frente pro pote d'água que eu havia trazido. Ela fechou os olhos tão devagar... Será que no fim doeu? A morte é bela? É a grande cena? É a única maldita verdade? Eu não faço ideia e se Deus existe ele poderia ter evitado de começar "No surprises" do Radiohead nos meus fones de ouvido.
(Eu nem consigo acreditar que comecei o texto falando mal de uma árvore e do suco que ela dá)
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Musicalize na mente:
Aqui.
Essa parte pode ser mandona de vez em quando e pede pra eu visitar seu olhar, sua boca, seu jeito. E contanto que eu nao me perca, vale lembrar, você me acha. Você nota e quer saber como foi parar no meu pesar. Como foi parar dentro de mim.
terça-feira, 30 de abril de 2013
Filho duma puta
Filho duma puta! Filho duma puta trabalhadora, diga-se bem. Creio que a mãe do cara trabalhava duas esquinas da minha rua e na escola o apelido dele era "Filho duma puta". Os professores riam na sala dos professores porque dois deles já tinham comido a mãe do filho da puta e a escola toda sabia. Como se não bastasse ser Filho da puta, ele apanhava toda quinta-feira na saída da escola por 5 garotos mais velhos do ensino médio, ninguém queria ser associado ao Filho da puta, então, as pessoas fingiam não enxergar nada. Era estranhíssimo como depois da surra ele levantava, batia na roupa, catava os óculos do chão (comprados com o dinheiro de uma foda, provavelmente) e seguia pra casa como se nada tivesse acontecido. Ele não chorava. Ele não se descabelava. Não gritava. Ele sacudia a roupa e rumava pra casa.
No começo, eu ficava frustrado com o Filho da puta, porque ele simplesmente não existia. Estudava, apanhava. Estudava, Filho da puta. Estudava e ia pra casa e apanhava no caminho e batia na roupa e ia pra casa. Eu queria que ele tentasse revidar, que enfiasse um soco no nariz de um daqueles caras e mostrasse que estava ali e que não queria apanhar. Eu queria saber se o Filho da puta sabia socar tão bem quanto os caras que socavam na mãe dele. Mas ele apenas não se mexia.
Houve uma quinta em que o Filho da puta não apareceu na escola e essa era a única notícia que importava. Alguns diziam que ele tinha se enforcado no banheiro, outros diziam que tinha sido na cozinha como Ian Curtis, eu duvidava de ambas. Pra mim, o Filho da puta não tinha se matado porque ele não era capaz, mas gostaria de ser. Então toda quinta ele tentava morrer surrado e não conseguia. A escola era um inferno naqueles dias, sua mãe não suspeitava.
segunda-feira, 29 de abril de 2013
|Provador de roupas|
Eu estava sentado enquanto minha irmã escolhia uma jaqueta de couro escuro e recusava o cartão da loja, eu estava sentado enquanto olhava aqueles pés. Ela não era alta, os pés me diziam. Ela não gostava de se relacionar com pessoas, os pés me diziam. Ela iria até a livraria depois dali e buscaria um título curioso, veria os livros sobre medicina e compraria um. O atendente da livraria daria em cima dela, elogiaria seus dentes e seus olhos e ela coraria pra não deixá-lo tão mal mas iria embora sem trocar nomes nem outra palavra, os pés me diziam. Eu devia estar com um olhar vidrado em seus pés embora não pudesse contar seus dedos, de fato eu demorei a perceber que a porta da cabine estava aberta e ela estava de calcinha. Ela estava de calcinha olhando pra mim. E por um segundo, por descuido ou cansaço ou sono ela não fechou a porta e nós nos olhamos. Ela estava de calcinha com seus pés brancos olhando dentro do meu olho, poderia ter lido minha mente e discordado com tudo que os pés me disseram, talvez ela saísse com o atendente da livraria e tomaria vinho. Talvez ela lhe dissesse, entre a segunda e a terceira taça, que não poderia mais amar e que ele perderia o tempo amargurado se perguntando por quê, ele se desesperaria por algumas semanas e começaria a beber comprometendo seu emprego. Ele deixaria de se importar e fim. BAM! A porta fecha, minha irmã aparece falando blá blá blá e eu não consigo mais olhar seus pés. O que eles me diriam? O que falariam de mim por aí pra outra pessoa?
Ela não saiu, ela trancou a cabine e não respondeu à vendedora. Ela se sentia mal por um estranho ter visto seus pés brancos, suas pernas finas e sua calcinha. Eu fechei os olhos e os pés cochichavam por baixo da porta mas eu não conseguia ouvi-los, então decidi sair dali antes que ela passasse fome porque eu sabia que ela via minha sombra pela fresta da porta (ouvi seus pés dizendo entre um cochicho e outro).
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Cinco latas de Bud
Passar a tarde não foi tão difícil porque o sol ajudou, ele estava agradável, tanto que parecia sentir pena. Não havia tantas pessoas na rua mas todos pareciam sentir pena: o porteiro, o motorista de ônibus, o sol. Que desespero! O pior de tudo é o sentimento de culpa, essa é a verdade. Tinha esse casal num momento super romântico, grande besteira. Eles não precisavam de alguém falando sozinho ali perto, mas quem se importava com o que eles precisavam? Eu cheguei primeiro, eu dito as regras. Contudo, o sentimento de culpa ainda estava lá, sentado do meu lado e me olhando feio como quem diz "Seu mal-amado desgraçado, vá se foder!". Nem preciso dizer que fingi não ver sentimento nenhum assim como finjo não sentir qualquer outro.
A culpa em si dói mais ainda quando se está andando sozinho porque as ideias trabalham de uma forma mais elaborada e tudo se intensifica, a tontura, a tortura. Você passa pelas pessoas geralmente de cabeça baixa preocupado em não tropeçar nos pés e quando levanta a cabeça só encontra olhos acusadores. "Porra!" não parece ter fim, a cobradora diz que vai te dar o troco mais tarde porque você não tinha 15 centavos e você é obrigado a sentar perto dela como que por pressão de ela estar com o dinheiro do próximo ônibus. Ela me olha de canto de olho de 5 em 5 minutos e eu não consigo relaxar e meu pescoço fica duro e eu só queria dar uma boa mijada.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Tomo-me por amargurado sempre que o café some da caneca. (nem sempre, só quando respiro.)
Hora de preparar o coador, a jarra e o auto-controle pra não queimar a mão de propósito pela vez que já perdi a conta. Conheço bem a dor e ela conhece-me melhor ainda: nós somos amigos, eu e ela. Às vezes eu preciso dela e toda dor precisa de alguém. É como imaginar um assaltante que precisa de um assaltado ou um Deus que precisa de endeusadores ou putas que precisam de uma avenida. São coisas que precisam de outras pra existir e independente de querer ou não ou talvez, existem. A garrafa térmica está pronta, fecho a tampa e me sinto bem, não só pelo cheiro de café no ar ou pelas gotas na pia que vazaram, mas porque não queimei minha mão pelo fato de que trouxe de uma feira essa luva pra cozinhar por puro charme (pensei e foi além disso!) assim como la toque (essa por puro charme mesmo pois não cozinho com frequência.) A fumaça ainda sobe até o teto enquanto encho a caneca com proporções grandes, lembre-se, proporções grandes: veja bem, por pura preguiça! Diabos ter que ir na cozinha de hora em hora pra poder beber o que for: água, cachaça, café.
terça-feira, 23 de abril de 2013
você em meio a mim
quarta-feira, 17 de abril de 2013
É um tipo de explicação sobre alguma frustração.
Isso me lembra, o fato do amor ser importante, a história daquele triângulo amoroso de Cuiabá em que haviam aqueles dois caras que não suportavam um ao outro até que descobriram amar a mesma garota cujos cabelos curtos participavam dos sonhos de ambos, ela era indecisa e eles tornaram-se flexíveis e tudo foi possível até onde eu soube, pelo menos.
Semana passada ela escreveu num cartão que eu estou distante e que eu não sei lidar com relacionamentos e eu tenho carregado no bolso esse bilhete desde então, ela tem razão e é horrível admitir isso. Nós nos conhecemos de uma forma agradável e hoje isso não parece fazer sentido, nem mesmo o fato de não estarmos nos comunicando como antes. Eu gostaria de me entender e gostaria que ela também o fizesse.
domingo, 31 de março de 2013
cheiro de mar com elephant gun
domingo, 24 de março de 2013
escarcéu
em que o mar lhe descia a garganta
e ouviam-se ondas e tamborins no fundo da barriga
e as pessoas dançavam ao som das risadas do mar
e ninguém se importava com a educação
sexta-feira, 15 de março de 2013
delírio
reis do horizonte
discutiam sobre homem
e no que
soberbariam-no a ter
o homem lhes disse, aos reis:
sou escravo dos olhos
sou escravo dos modos e das crenças
e os reis do horizonte disseram:
não és mais que carne falante
onde nunca podes chegar a mim
então o homem virou para o além céu e disse:
sou escravo dos pés
sou escravo da gravidade e da física
e além céu apenas disse:
tu que cuides do solo
onde nunca podes correr a mim
mas o homem sonhava
e transformou montanhas em escadas
e a própria mente num elástico
e enlaçou os reis do horizonte
em monte
e além céu
em mel
e provou ser livre e provou voar e provou enxergar melhor que qualquer um
e acordou
quinta-feira, 14 de março de 2013
a poeta e o francês
e aquilo era bonito e triste
tanto quanto "olhos nos olhos" de chico buarque
como se tivessem tirado seu coração do lugar
ela estava parada na porta da estação com um lenço
ele estava parado ao pé do embarque, chocado
ela chorava, se bem lembro
ele não sabia nem nunca soube
em pensamentos encontraram-se
nos dela ele havia aprendido a agradecer em português
nos dele ela havia guardado o verso pra ela
como se aquilo tudo não pudesse ter existido
a música que tocava na estação devia ser relevante
posto que vaguevam tantos olhares perdidos e frívolos
quase tristes com tal momento de despedida soberba
e sem abraço nem olhos nos olhos como a música dizia
nem aceno
terça-feira, 12 de março de 2013
café & talvez
se ela me amar
como ama café
fico feliz de fazer parte
do seu café da manhã
tão de quando em vez
domingo, 10 de março de 2013
(n)a varanda com vento frio e cheio de descuido e desgosto
e tenta entender
você se abraça e respira
e busca calor enfim
você se resolve e respira
e consegue esquecer
você se olha e respira
e não fala de mim
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Parte 1 de algo.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
cher vous le savez?
mesmo sabendo o quão perigoso é
me cria numa em especial
e me cria sem saber
você se sente completa?
me cria numa confusão de braços
por tanto tempo quanto for preciso
me cria em abraços e eu gosto
porque são confortáveis
minhas maquinações infalíveis
são irracionais
e um tanto quanto incompreensíveis
mas acabam por me levar a
você
(como nos filmes)
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
bloco
e solta um monte de sons
e parece gostar
porque acaba por rir mais ainda
e parece nunca parar
teu sorriso inebria
porque a cena vai solta
sem meu parecer
e esquece que está acontecendo
amornecendo
os teus olhos vieram dum profundo mar
que também inebriam
já para aí estou alto
e querendo descer
por medo de cair
e morrer
tua mão me segura
e adivinha? inebria
é como se eu não quisesse pensar
mas lá vai
"você encostada numa parede com grade
com o rosto pro chão
e a cabeça em profusão
eu inebriado e expulso da realidade
puxei seus braços e dei-te os meus
e você parecia sonhar
com os olhos fechados"
e então acorda e adeus
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
st teresa
sábado, 12 de janeiro de 2013
1 - (A Panela)
Virou o brigadeiro num prato (daqueles fundos) e o enfiou na geladeira, então a fechou com um sorriso nos lábios, com olhar distante e pouco concentrado, vivia lá dentro da cabeça e quase nunca cá fora. Obrigou-se a acordar e foi se vestir enquanto esperava a visita dele, dos cabelos encaracolados.
Obs: Costumam dizer que o chocolate é amigo do velho coração partido, costumam dizer. Eu digo que o chocolate é amigo do coração, tanto partido como não. É amigo também de corações inteiros, aqueles que um dia já foram e aqueles que ainda são. Lembrei-me de tudo isso após preparar um brigadeiro e bem, nham nham...
Até logo.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
um garoto imberbe caindo por alguém
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
o que há para lá do meu sorriso?
entoando cantiga
falando de mim
e doeu-lhe o coração
onde num céu abriga
um sorriso assim
e então chorou
de doer barriga
corou tom carmesim
um dia peguei-lhe a mão
num toque então
pra lembrar de mim.