domingo, 24 de abril de 2011

(da janela)

Os vejo correr pela calçada de um jeito único, ela com cabelos de fogo, ele com camisa do Rio, da minha janela eu vejo: dois pequenos corações, um com o outro. Mas da janela é frio, não tem som, nem bate o sol que clareia o tempo. Então eles descem nos degraus da praia, o sol os encontra e os olhos dos dois se encontram também, como em filme. Difícil falar qual era mais verde, os olhos dela ou o mar. Imenso no fundo, não azul. Todas as nuvens estavam com vergonha do brilho do sol e decidiram não aparecer, sem tormentos, os sentimentos. E a manhã carrega o casal que ainda se olha e conversa de um jeito cativante, eu por mim, ficaria olhando enquanto meu bem compra pão, ventos percorrem balançando árvores na calçada, porteiro olha para o relógio antes de voltar ao jornal, mulheres correm na beirada da areia, vovôs desfilam suas forças mesmo com a idade, invejados por jovens, o vento balança o cabelo de todos eles, menos do porteiro que é careca, mas por um minuto eles sabem que escrevo sobre eles, mas nada importa. Convém a mim, permanecer anônimo, assim anônimos eles ficarão.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nome.

Estou apaixonado por você
Mas não posso te dizer
Com medo do que há de ser
Se eu te perder

Estou vivendo e vendo
Seus olhos novamente
Estou vendo e vivendo
Um romance diferente

Talvez o último, mas ainda
Com você quero compartilhar
Mesmo sem coragem, minha linda
Sem coragem eu prevejo

Todo esse amor transbordando
De um coração abatido,
mas nunca partido, partindo
Para uma viagem com a vontade,
E que a ela vai aconchegando
Devagar o meu amor.

domingo, 10 de abril de 2011

Ditados alguns populares.

Acordei meio tonto com o tanto de pessoas que estavam andando pela minha casa, eram umas pessoas altas e algumas bem baixas, mas não reconheci ninguém. Eles estavam bem achando que essa era a 'mãe casa da joana', não é? Porém, ainda assim eles passavam por mim parecendo não me notar.
Uma moça, enfim, me notou naquela cama, meio suado e com cara de sono. Ela vinha andando como quem 'paquete estar de' e me perguntou onde era o banheiro, mas na verdade 'patavina não entendi' e fiz cara de burro pra ela. Ela me olhou desconfiada e saiu depressa. Continuei deitado, 'morte pensando na de bezerra' até que um presado senhor grita 'nhenhenhem de deixa'! E eu voltei a realidade, levantei e fui falar com o senhor, ele me olhou intrigado, com o mesmo tom de olhar que a moça mestruada: "amigo, você está bem" me perguntou. "Olha, quem são vocês?" "Somos pessoas de outra realidade, você está em outro mundo, vê ali aquela criança, ela também está em outro mundo." Quando vi, me peguei olhando pro sobrinho da vizinha, ele estava triste e nenhuma dessas pessoas parece ligar, mas é claro 'cego pior ver que não o é quer o'.
"Ei garoto, o que faz aqui?" "somos 'virada pá da' por aqui, senhor" "Isso eu to percebendo, amiguinho, quer dar uma volta?" "Beleza." Saímos 'andar toa à' pelo mundo a fora, coisas abstratas voavam perto de nós, mas o menino não tinha medo. E apesar de eu estar com medo, relaxei com a presença da criança. até porque ' gato cão caça quem tem com não'. Andamos e andamos até onde 'perdeu Judas botas as onde'.

Acordei novamente na minha casa, não tinha nenhuma pessoa.
Entretanto, quando estava voltando da padaria com o pão, o sobrinho do meu vizinho me olhou e sorriu pra mim e eu sorri pra ele.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

De qualquer forma, amor.

Quando não sinto você, estou só
Quando estou triste, não estou só

Hoje, eu sei que tenho que viver antes de mais nada. Viver por mim, antes de viver por você. Viver por você será consequencia de viver por mim. Um cara amigo(meu eu interno), me disse certa vez que muitos anos podem se passar, mas as felicidades ainda serão as mesmas, mesmo se eu estiver calmo ou nervoso. E vejo o amanhã com outros olhos, agora. Quase posso senti-lo, mas não quero estragar nenhuma surpresa. Dito de forma diferente neste instante, não preciso sempre da formalidade pra expressar minha vida, mesmo quais sejam.

Só me senti bem, vindo até aqui, dizendo a quem estiver me lendo que o ontem só passa quando nós não nos importamos mais, porém nós temos o poder de fazer dos momentos bons um porto seguro e excluir tudo de ruim que já passamos. Eu estou aprendendo com essa vida louca que nem eu mesmo sei o que é.

E depois de tudo, vejo por ela, fico triste por ela, sinto o toque dela.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Me despeço com um oi

Fui guiando minha vida por uma viela estranha e compacta à vida, distante de algo novo, perto do tédio de cada dia. Mas até vielas têm esquinas, mesmo que minúsculas (se tratando de outras muitas). Numa das esquinas eu a vi parada, olhando o relógio, talvez estivesse me esperando, talvez outro. Porém é tão mais difícil estar longe de ti que me perco nos passos que já estou dando na tua direção. É algo engraçado estar olhando-a tão de perto sem ter coragem de lhe chamar, talvez para saber a hora.
Sinto muito, meu bem.
Seguro, eu não sou. Você parece notar, mas me acolhe e eu caio depois de toda minha vontade de poupá-la de mim, o maior problema é acabar caindo numa viela monótona e perder o rumo.
Digo: eu não sei o que é isso.