segunda-feira, 31 de maio de 2010

O esquizofrênico.

Havia um escuro em que eu não conseguia me achar, não conseguia encontrar nem ao menos o ar que me envolvia. Com o desespero quase queimando a minha pele, eu me joguei no abismo. As vozes me chamaram, as sombras me guiaram, os corpos me carregaram para dentro de outra realidade.
A claridade cegou os meus olhos, que uma vez abertos já não funcionavam mais. Naquele momento, com a mais pura escuridão adentrando o meu corpo, eu sentia um frio que eu nunca imaginaria sentir, como se meu sangue congelasse, como se o meu corpo parasse aos poucos de funcionar. A minha consciência foi se esvaindo e envolvido pelo frio, permaneci ali, respirando com dificuldade.
E então, eu acordei, e estava enxergando novamente e em parte me sentia um pouco aliviado, mas algo me preocupava. Minhas mãos suavam e minha garganta estava seca, meus instintos me deixaram imóvel e permaneci ali, estava numa sala branca, deitado numa maca, esperando por alguém ou alguma coisa, vi que estavam me dopando e logo percebi que ali era algum tipo de casa de saúde.
Relembrei de toda a minha vida, quando era criança e brincava pelos campos do sítio do meu avô, quando era adolescente e andava despreocupado pelas ruas da cidade com meus amigos, e então, eu me lembrei dela, a mais bela de todas as mulheres aos meus olhos, aquela que me fez ter força para chegar até ali, mas até onde eu iria agüentar?
Afinal, tudo aquilo fora um sonho, mais um sonho de um homem que não tem nada, nem a própria vida lhe pertence.
Este homem cometeu suicídio três dias depois do que se passou retardando sua morte. Não agüentou os sonhos que só ficaram piores com personagens que sua cabeça foi criando, quando não estava dormindo agia como se estivesse vendo algo realmente horrível pela sala, os gritos dele eram ouvidos de outros prédios e a Esquizofrenia o matou.

domingo, 30 de maio de 2010

O último desejo.

Queria tocar seu rosto apenas uma vez
E provar o irreal da realidade.
Queria mostrar que não somos totalmente loucos
Para todas aquelas pessoas da alta idade.
Gostaria de fazer isso depressa
Pois o meu tempo é mais do que pouco
Devo dizer que estou quase morto
Para todos que me conhecem
Diria a você, que nada foi em vão.
Diria também, que estará sempre no meu coração.
E mesmo que eu nunca consiga provar
Que fique claro que tive a intenção
De que também não deixarei de amar-lhe.