terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pelo Túnel Rebouças.

Chegou o tempo da preguiça
aquele em que ninguém diz: meu amor
chegou tão cedo, eu não esperava.
Esperava por um "meu amor" compreensivo
um daqueles de cima da janela, com as mãos no queixo,
com olhar barato.
O dia da preguiça chegou!
Meu amor não esperava
e se pega chorando sem motivo aparente
arrumando o cabelo atrás das orelhas com maior frequência
piscando com maior frequência
corando tão logo
com o olhar mais barato de todos,
isso com maior frequência.

Mais de mil carros passariam ali na frente,
por 3 segundos.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Vou te ler

       J'espère que je peux écrire sans erreur, parce que je ne suis pas en train de ouvert le Google traducteur pour voir si j'écris correctment. Je ne sais pas pourquoi je fais ça, car il est 02:03 mais je ne suis pas endormi.
       De toute façon, je te lis comme un livre et tout est très clair! J'ai pu voir par tes yeux et par ta tête et j'ai pu regarder beaucoup de choses, choses que tu masques avec ton sourire et ton calme. C'est vrai que il y a beaucoup de retês dans ta tête, mais c'est comme rien. Peut-être, je suis tort avec mes pensées, peut-être je suis juste un peu perdu.
       Cependant, merci! J'aime vraiment cette chose d'écrire en français et je suis vraiment desolé.

domingo, 5 de janeiro de 2014

amargura

amargura
quem me dera fosse nula
além pura e obscura
amargura
que o diabo me carregue
se não lhe tento refrear
acontece que com amargura
vem tristura
vem pintura
e arte

pura arte

sábado, 4 de janeiro de 2014

seringueiro

era mais um
um seringueiro
era um desses de dar pena
sua pele avermelhada
brilha brilha noite adentro
e o café de cuia prata
deixou-lhe tal lamento

nos dentes
nos olhos
no peito



sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Eu era minhas costas

          Eu era minhas costas suadas na cama e pensava no pavor do mundo e como ele me escorria pelos olhos sempre que deitava, não podia pensar aí sobre como meu rosto era nem como eram minhas mãos ou aquelas rugas que começavam a brotar pelo meu rosto, eram certas como as que brotam nos outros. Não pensava sobre ser homem ou humano ou no suor na minha testa, irritava ao mesmo tempo que desnorteava minha boca com seu gosto salgado. Eu não podia pensar no pavor me escorrendo sem parar e isso me fazia completamente entorpecido porque era verdadeiro, apesar de eu não pensar nele. Não pensaria nos nós que meu cabelo já dava ou se estava eu, como que em sonho vivo nem acordado nem dormindo. Não poderia pensar nem ao menos uma vez. Haveria de não pensar em pensar por completo e dentro da mente, acenderia-se assim uma luz estranha que nada iluminaria além dela mesma e essa luz me diria que estava ali, apenas que gostaria de estar na escuridão e no pavor da minha mente naqueles dias. Parado acolá, nada disse à maldita luz porque não podia pensar nela, assim como em nada ou mesmo em tudo porque são deveras parecidos em toda sua forma de compreensão. 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dor de ouvido

          Seria a dor de lhe escutar algo terrível ou as simples pontadas que lhe davam após um dia na praia? A dor leva em si, um quê de superioridade e mesquinheza a ponto de colocar na cama o mais forte dos homens, corte uma perna e eu quero ver se não chorará. Mas estou a falar duma simples dor de ouvido e no possível prazer que ela carrega. Sim, prazer. Ele está implícito em cada pequeno ou grande gemido que lhe dê, aquele com os olhos fechados que treme o corpo, com a dor aguda perpassando-o com o nariz em pé em altivez. Ora, eram naquelas horas de delírio que os melhores pensamentos lhe vinham, o quanto era verdade!
          Então a família ficaria naquela do vem e vai, até encherem o saco e o largarem à sorte, enquanto a cabeça lhe clarearia a tal ponto que poderia escrever um milhão de fantasiosas filosofias sobre dores e prazeres que são tão corriqueiros quantos quaisquer outros. Eu sinto medo da morte algumas vezes mais que outras, mas nunca durante uma crise como esta.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

4h17

Perguntaram-me sobre aqueles bons contos que eu costumava escrever e pareceu-me bom pensar neles e no fato de lembrarem-se deles como bons, porque naquela época escrever consumia toda minha alma. Sim, minha alma. Dei-me a meia dúzia de olhos leitores e sentia prazer nisso tudo. Pediram-me que, pelo amor de Deus, não parasse de escrever porque o fazia muito bem e honestamente. Escrevia sobre dor, bebida e era tudo muito desagradável, a retração de vidas piegas e tortas. Não é como se tudo tivesse melhorado, eu simplesmente parei de relatar sentimentos terríveis, mesmo que verdadeiros (a única coisa que um conto precisa: a verdade)