domingo, 15 de setembro de 2013

um monte deles

ela estava caindo em buracos no espaço
ela caía toda sexta
e, na verdade, não fazia sentido.
ela estava comprando essas novas botas de cowboy
ela comprou num sei por quê
porque, na verdade, não fez sentido.

então ela me procurou num sábado escuro
e ainda estava tonta do dia anterior
tomando um monte de remédios pra dormir.

foi-se deitando no meu sofá e lá dormiu
antes do chá ficar, realmente, pronto
talvez fizesse sentido, então
talvez ainda não.

seu rosto transpareceu redemoinhos. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A palavra beleza teve a fineza de lhe acompanhar por sua vida.

               Era verdade, assim como o céu ou o chão. Aliás, era tanta verdade que não lhe cabia em casa. Então, ela caminhava de sua casa ao corcovado. Como em pálidas pinturas com tintas vagabundas dum artista qualquer de rua. Ela, com certeza, foi pintada uma centena de vezes. O sol em bela-cor banhava todo o calçadão, no qual era verdade e a própria passava vestindo a roupa feita a pincel fino. Seus cabelos ondulavam o vento em ternas pinceladas despreocupadas. Era que aquele cara, que costumava pintá-la, já não se preocupava em escondê-la. Ela estava, e deve estar, numa parede neste instante, presenciando o amor desnudo dumas pessoas desconhecidas retorcidas no cobertor. No Rio faz tanto calor... Poderia ser em São Paulo, ela não chegou a mencionar.
               Sua verdade não era questionada. Eu a olhei com saudade, daquele quadro presa num tempo só dela, presa num sonho em tintas foscas.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

estado de tristeza intensa, traduzida pelo sentimento de dor moral e caracterizada pela inibição das funções motoras e psicomotoras

o céu pesa tanto
que demoro a perceber
é que o céu desgosta
do mal-querer
ele vive no ranger
embora

senhora aurora
a iluminar