sábado, 12 de janeiro de 2013

1 - (A Panela)

Tudo referia-se àquela panela, naquele fogão. O ar descia numa grossa fumaça de cheiro bom e enchia os olhos dela de lágrimas, nem de felicidade nem de tristeza. Ela mexia mexia mexia como dizia na receita e engrossava o chocolate, cantarolando ora no pensamento, ora na cozinha. Abriu a geladeira e desviou uns tantos potes e uma melancia a fim de arrumar algum espaço, nutrindo do fundo do coração que o aprouvesse tanto quanto a presença dela, que era de longe, o que mais importava a ele.
Virou o brigadeiro num prato (daqueles fundos) e o enfiou na geladeira, então a fechou com um sorriso nos lábios, com olhar distante e pouco concentrado, vivia lá dentro da cabeça e quase nunca cá fora. Obrigou-se a acordar e foi se vestir enquanto esperava a visita dele, dos cabelos encaracolados.

Obs: Costumam dizer que o chocolate é amigo do velho coração partido, costumam dizer. Eu digo que o chocolate é amigo do coração, tanto partido como não. É amigo também de corações inteiros, aqueles que um dia já foram e aqueles que ainda são. Lembrei-me de tudo isso após preparar um brigadeiro e bem, nham nham...

Até logo.

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