sábado, 19 de novembro de 2011

o dançarino da alegria

quando era moço
foi separado de sua amada
por um mar de fogo
queimou-se todo e de nada adiantou
criou uma máscara
a qual jurou honrar
dançou por sua vila
toda noite e dia
alegrando aos tristes
alegrando aos doentes
mas nunca mais a viu
a saudade o fazia chorar
e quanto a solidão o mesmo
desapareceu numa manhã
para nunca mais alegrar

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O enfermeiro apaixonado.

Hoje eu vou lhes contar minha história, de quando eu era mais moço e tava começando a viver. Sou russo e na época eu tinha 23 anos, essa história vai se passar em 1986.
Naquela época eu havia me tornado enfermeiro 1 ano antes do acontecido, trabalhava no único hospital da Rússia que tinha atendimento para acidentes radioativos e nós soubemos que de fato, havia ocorrido um acidente na Ucrânia, um reator explodiu e uma cidade inteira foi evacuada de suas casas, a maioria delas já estava contaminada por permanecer na cidade por até 2 dias depois da explosão por culpa do governo.
Muitos homens, mulheres e crianças vieram para o hospital que eu trabalhava, afinal, era o mais próximo. Foi quando, de uma das janelas do 2° andar eu a vi, estava sorrindo, parecia saudável e conversava com outra moça cujo rosto já nem me lembro. Quando chequei quem eram aquelas pessoas, descobri que eram da cidade de Chernobyl, exatamente a cidade contaminada.
Enchi-me de tristeza na mesma hora, como enfermeiro, já podia imaginar o destino da maioria daquelas pessoas. O que me faz mais infeliz é na sala em que todos foram colocados eu podia sentir que a linda moça que estava rindo a pouco me olhava da mesma forma que a pouco eu a olhei.
A última vez que a vi, eu estava com uma roupa especial contra radioatividade e ela estava com mais de 90% do corpo com queimaduras de 3° grau, olhar vago, olhar de dor. Parecia pensar numa outra vida, com filhos, talvez netos.
Eu nunca a esqueci.