quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

salve o pão doce e seu padeiro!


tarde ia e lá estava o padeiro com o pão doce
havia naquela rua uma menina dos cabelos amarelos
ela costumava dizer que o doce era todo dela
por ser amarelo

eu relutava, dizia estar enganada
ela esperava que eu ficasse desatento e corria
corria com meu pão doce mordido pra cima e pra baixo
e ria, ria como se aquilo tudo dependesse de um riso

eu sempre arfava e parava meio frustrado
por não ter o pique dela, nem os cabelos dela
se tivesse, voaria como raio de sol
como brilho da luz
como ela

no fim, ela devolvia meu pão dizendo "tá babado"
eu corava mas comia e ela sorria
a lua subia e nós conversávamos sobre filmes
a lua descia e falávamos sobre espetáculos

apesar do tanto que conversamos
as palavras se perderam no tempo
como que pelo sol dos cabelos dela
roubando toda atenção pra si
ao que meus olhos podem confirmar
num tom sonolento

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Vestia beje

O parque ladeava entre árvores lindas, vivas e bem verdes. A luz do sol passava-lhe pelo vestido beje, mas largo. Eu estava sentado na sombra de uma árvore, olhando meus pés enquanto acontecia um diálogo entre eles na minha mente. Ela sentou e perguntou se eu estava de mal com eles. Meu próprios pés! Eu disse. Ela se espantou e levantou. Eu tinha gritado. Mandou eu procurar um advogado pros meus pés, eu poderia ser tolo o suficiente para cortá-los fora e ela parecia perceber. Disse-lhe que tinha entendido errado, eles viviam um romance e eu? Apenas um trovador. Ela mordeu o lábio disfarçando o riso e escapou-lhe um riso frouxo, era como se aquilo fosse tudo que eu estava esperando desde o dia em que nasci. O parque. Meus pés. As árvores. A garota. Mas quem diabos ela era? Perguntei seu nome mas ela não prestou atenção, olhava o céu como se tivesse perdido algo lá, talvez uma de suas nuvens de estimação, não poderia imaginar. Ela me olhou sonhadora e disse que se eu quisesse poderia passear com ela pelo parque, disse que também poderia levar meus pés problemáticos, ora de bem ora de mal. Suspirei e a segui.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

meios

meios abraços traçados confusos
meios apegos tão sempre escuros
meias verdades com tal eloquência
meios carinhos tão bons de outro mundo

meios estranhos são sempre tão nulos
meios amigos felizes intrusos
meias estátuas com sua dureza
meios sozinhos de dá uma tristeza

meios são meios e sempre serão
com tanta certeza que tem numa mão
que estende um meio para averiguar
que meias desculpas podes aceitar

quarta-feira, 18 de julho de 2012

convém

convém chorar
todo o pranto tem hora
será agora?

chora, chora
longe de tu, senhora
parece certo
e demora

quinta-feira, 12 de julho de 2012

poderia

nada como o estar
dias ou menos
nada como o doce estar

parece outra vida
como se a noite
apagasse o dia
ou simplesmente
esquecesse da maioria

mas cansa
gosto tanto que desgosto
e acabo perguntando
por quê?
por que eu espero por algo que já foi?

domingo, 1 de julho de 2012

segunda-feira, 18 de junho de 2012

toque ou quebra-quebra de vidro

quebra a noite
quebra o tempo
quebra a atenção
ao alento

quebra a mão
que tormento
quebra no chão
tom cinzento

na mão um vão
um tão vento
quebra em tudo
eu acrescento

só não pode quebrar
no teu pé
se assim, como posso
servir teu café?

quarta-feira, 30 de maio de 2012

dentro da cabeça leve dum carioca, serve?

Em homenagem ao meu próprio aniversário de 18 anos, criei a história de Quinho, um cara que como eu, fez aniversário e pensa que, de tanto sonhar, há de chegar (mesmo que em sonho) a conhecer seu ídolo, em verso (sem métrica).

naquele velho ritmo
suingue de conhecer
velho no bar
ou garoto no mar

o chorar da violão
mostre, prove até ver
que da outra calçada,
chico buarque, é você?!

talvez encolha
por vergonha ou coisa e tal
mas como é um sonho legal
escolha? não tenha escolha

puxo cadeira
e até bebedeira
como se dum velho amigo
no tempo perdido
agora comigo, pudesse dizer
"sr hollanda, por favor, 'a banda'"

domingo, 27 de maio de 2012

parece certo mas é o tempo

tão só
como se fosse possível
por nós
é preferível que fique só

pois até no depois
de tanto encontro
ou desencontro
no desejo de estar com você

será tarde entender
que muito tempo
é tão pouco
pro tal muito

é quase nada
pra cada
então passa

segunda-feira, 16 de abril de 2012

torvelinho

torvelinho
que leva coração
me deixa com um vão
hei de esperar
o torpor passar
para então com o vento
o amor voltar

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O muro

O muro branco onde ninguém passa, presente em todo ser humano, mesmo contra a vontade. Esse forte realmente afasta?
Quando caio o olhar ao muro, o que eu estou pensando? O que passa na minha cabeça quando coloco cada tijolo e preparo devagar o cimento? Às vezes, posso esperar que fique em paz, no canto, quem iria entrar? Estaria construindo o seguro, longe de todos, dentro de mim. Onde guardaria lembranças e lugares, plantas e regulares acessos ao lado de fora.

A intenção é correta tanto quanto a proposta, estar cercado pelo meu eu, fechado. Mas o muro tem duas caras, dois lados, ao mesmo tempo que protege, pede por atenção e me diga, leitor amigo, que ser cansado não debruçaria nele? Ou que ser curioso não espiaria por ele? É como imaginar o mundo, pois o irreal seria esperar que ninguém viesse ao muro, e chega a ser tão certo que se aguarda, talvez no portão.

Por solidão ou por amor, parece que quem debruça nos tem, como quem tem um coração, os amigos que se formam estreitam e os estranhos espreitam, se o muro é formoso.
No fim, estou protegido ou preso por ilusão?

um tão bem (ora na horta, ora no armazém)

porque bolo é com chá
bolo de maracujá
um que vem do ceará
e que honra a bandeira

porque pão é com café
vem até com cafuné
quando bate a maré
tão perto à ribanceira

brioche & chaleira

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Velho seu josé da janela

O sol vai até
Longe no mar
E desce a encontrar
O som da maré

Deve ser o porquê
Do meu pesar
Tanta beleza

Ao pé da janela
Do oitavo andar
Tão longe
De Maria e seu olhar

O qual de tão real
Nunca esqueci
Tanta beleza

Pelo qual me apaixonei
Quando era tão moço
E fico daqui
Sem motivo a todo alvoroço
Que fazem na rua
Nesses dias
De sol

domingo, 1 de abril de 2012

pão de céu

além do além do céu
ao cume o limite
um tão sobrecéu
numa surrada nuvem como bolo
se é nuvem de miolo
talvez resto de massa,
então passa manteiga e assa
pra ver se tem gosto de céu

porque céu a gente sempre vê
mas provar
é como mergulhar por lá
e deitado tão só
longe do olhar do padeiro
eu sou do céu
e o céu é meu inteiro

quinta-feira, 29 de março de 2012

o poeta das rosas



o meu gosto é todo esse
a doce música
do ajudante de pedreiro,
do lavador de carros
que de tão livre como bloco de carnaval
ensinou tanta gente sobre amor atemporal

como calmaria que opõe-se
a grosseria da cidade
como autonomia que opõe-se
aos limites da idade

"Cartola não existiu, foi apenas um sonho que nós tivemos."

quarta-feira, 28 de março de 2012

meio termo

se é tamanha a alvorada
daqui de cima do morro
tão longe do asfalto
donde tanta pessoa passa
tão preocupadas
se o ferro de passar ficou ligado
ao que o pensamento escoa

se é tamanha a humildade
daqui de baixo, nas casas
tão longe do céu, conquanto
donde tanto pássaro canta
tão preocupados
se onde bebem água, bico afiado
faz sombrinha boa

sexta-feira, 23 de março de 2012

o atencioso relógio prevendo minha vida

o relógio parou
pra não dizer a hora
de você chegar

tudo porque
você não iria voltar
e tudo o que o relógio fez
foi tentar confortar

sábado, 17 de março de 2012

flutuando no universo

nesse sonho eu devia estar flutuando
sem sentido
o nada acima e abaixo de mim
não o nada por assim dizer
aquele nada que não se conhece

eu estava observando
uma imensa nebulosa
toda imponente e bem formosa
que roubava o brilho de outras estrelas

não sabia se ela passava por mim
ou eu por ela
mas era de se admirar o seu jeito

e o céu, com seu mistério, que me atrai
como ninguém ou qualquer coisa
de lá, não sente meu mal humor
mas acolhe meu pesar
e põe-me a descansar.

segunda-feira, 12 de março de 2012

esconder o rosto com as mãos

se nada acontece em vão
o que supostamente eu deveria ter feito?
algum texto perfeito?
eu acho que não

cansa estar por trás das façanhas dos meus personagens, daqui pra frente, eles vão por eles e eu vou por mim, mas vou por bem longe por enquanto.

domingo, 11 de março de 2012

se há de ser, ainda não é

é como imaginar
o trabalho de um artesão
esperar que componha
com o toque da mão
algo pra mim

é como sentar
olhar uma estrela nascer
notar no espaço preenchido
a cá há de ser

pular tudo isso?
os que gostam de histórias sem delongas
podem estar tristes e depreciados
no fim do jogo

sábado, 10 de março de 2012

Jai guru deva, Om.

É de se esperar que chegue o dia em que tudo irá embora. Todas as conversas e afetos serão calados e os medos saciados, haverá o dia em que nossa curiosidade ou crença se revelará e podemos acabar decepcionados com o fim. Hei de me achar, esse dia, encontrar comigo e buscar tudo o que eu senti, enxerguei, escutei, tudo. Quando eu enxergar dentro de mim, com calma, sem receio sobre nada, sem me importar se alguém vai rir ou chorar ou simplesmente me deixar, eu quero estar certo, leve. Quero pegar aquelas minhas manhas e manias e jogá-las fora, quero parar de me preocupar com cabelo, pele, unhas e roupas. Quero existir em mim, tornar minha consciência a minha zona de conforto, onde quem irá me visitar? Apenas quem eu deixar entrar.

Por muito tempo, eu fui enganado por pessoas e promoções, propagandas e televisões, quando eu estiver longe disso, nada poderá mudar o meu mundo e eu poderei, enfim, dar minhas saudações ao mestre.

sexta-feira, 9 de março de 2012

sentimentalista

sentimentalista,

um mundo onde os bens
eram apenas bens
e o sol
brilhava tanto pra mim
quanto pra você

um mundo onde a música
chegava à alma
fazia-me de bobo
transbordava otimismo
onde eu, por minha vez,
sorria

um mundo onde eu a visse
tão longe ou perto
isso importa?
você estaria com roupa leva
serena a luz do dia

um mundo onde meus amigos
estivessem felizes
e o meu amor
ah, o meu amor
estivesse comigo
(se quisesse estar)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

a rua sombreada

bobo como sou
sequer notei todo o jeito
todo o jogo
havia, lá no fundo
batidas de coração
toques, cheiros
beijo

eu me afogo
e tão logo
descontrolo

é de estranhar que lembre
mas lembro
e daqui ao próximo escarcéu
aperto as mãos nas tuas
para então, mergulhar no céu

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

oco

oco?
não sei se é o título certo
ou se por falta de consistência,
não deu pra pensar em nada, em todo caso
deixe que vá esse mesmo

é estranho sentir-se assim
quase que dói
mas no fim não dói

testa a minha paciência
testa a minha vida
a minha vida...
estar vivo
viver
vivenciar
é muita audácia.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

o bacharel em direito, josé arnaldo siqueira em seu tempo de pipa & anabela de mendes siqueira, sua futura esposa

a tarde passava melancólica
o tempo ia-se
manhoso e teimoso pela cidade

de todas as mocinhas
encantou-me a pequena
que escrevia em guardanapo
jogava-os em mim,
quando lia, era escrito 'mui guapo'

tardei, mas aprendi serenata bela
quando estivesse ao pé da janela
não falharia

mas quem apareceu foi seu pai
cara severa e pesada
deu-me sermão, mas ai!
e virou-se a sair da sacada

só olhei pro chão
com certa solidão...
não mais, um papel caiu
e lia-se bem gentil
"conserta a solidão,
te espero às 5 na velha praça"
e foi assim que me enchi de graça

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

beijo

vale dizer que a emoção não transbordou
tudo o que havia acontecido
foi pro coração
na mesmíssima hora
e não veio cá fora

olhar sem foco
boca entreaberta
expressão de profundo medo
ao mesmo tempo
expressão de profunda felicidade

ela do outro lado, não me olhava
eu, ainda que tentasse
não subia nenhuma palavra
perdi a fala

dominado pela emoção

parado contra a parede
nada fiz

domingo, 5 de fevereiro de 2012

sonhos & fantasias

a multidão apressava-se a ver
toda a marcha
olhavam aos lados... por todos eles
serpentinas voavam douradas
outras prateadas, hei de confessar
as minhas favoritas
num canto, a pequena isabel
os olhos brilhavam como nunca antes

ela me olhou de longe
eu sabia que estava despenteado
as crianças jogavam espuma em nós
quando, apressados, corremos um pro outro

as mãos dadas, a marcha indo solta
ninguém estava perto, somente aqueles olhos...
aqueles olhos...
eu ainda os lembro quando estou deitado
eram de brilho perfeito com manchas de tom mais claro
do castanho natural

aquele dia, de toda minha infância
é o que mais lembro, meu bom leitor,
e o que tenho mais gosto em lembrar.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

desencanta esse menino!

pois, há tanto
só tem olhos no outro lado da calçada
onde lá, vive uma mocinha

essa, titio, você não conhece
pode até desvirtuar nosso menino
audácia dela se o fizer

mostre a cidade a ele
não há de querer outra vida
mas nada de passar por cá.

titio só disse:
o andar das moças
fará o esquecer da vizinha,
disso posso lhe assegurar.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

é bem verdade

esses vaga-lumes podem ser como rimas das estrelas.
da terra ao céu pelas noites em que ambos brilham, é bem verdade.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

o teu olhar

o teu olhar é como a manhã gelada
se me convidas a sentar e olhar
perco a noção de tempo
e acabo por ver a tarde chegar

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

faz de mim lunático ou até astronauta

quando abri os olhos
estava deitado
mas decidi fechá-los,
com eles fechados
eu me encontrava fora dali
desse mundo

eu estava com você, é claro
mas estava na lua
e nós dançamos por lá
como nunca havíamos feito
na lua, a cá, era só silêncio
o som que de dentro de mim vinha
me guiava

quando de um passo a outro
tu tropeçou no próprio jeito
pude, por mim, a beleza encontrar:

tu, rindo de si, fez-se cor de pitanga
olhando-a fiz sorriso satisfeito
e descansei meu olhar

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

só podia ser o toque dela

nós deixamos o tempo correr
naquele fim de tarde
apenas não vimos passar
ao pé da árvore
olhando no teu olho

tão real
parecia história contada
pras pessoas sorrirem

eu sorri
sim
eu continuo sorrindo

domingo, 29 de janeiro de 2012

Que tristeza?

Mais um dia e mais ideias caindo sobre mim.
Estava sentado, com meu violão, pronto pra treinar outro samba que estou estudando... Quando pensei em escrever algo, compor alguma música, mas, logo fiquei frustrado com a primeira coisa que deu na minha mente: Tristeza.
Outro tema desses... Eu definitivamente não preciso disso, e uma palavra mudou tudo: Que tristeza?
Eu me perguntei o que me causava esse sentimento, demorei pra voltar a realidade. Algumas coisas são como são porque ninguém interfere, outras são como não deveriam ser... Talvez seja isso que tem me deixado pra baixo.
Mas que tristeza? Que tristeza um cara como eu tem? Qual é o grau dela, se formos comparar com pessoas perdendo os pais, perdendo o chão.. Eu digo, se quero ficar bem comigo, depende somente de mim.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Ansiedade.

Hoje, a chuva trouxe a ansiedade
carregada nos pingos
respingando em mim

Depois, logo, veio a saudade
arrastando domingos
que não parecem ter fim

E ainda hoje, não sei da verdade,
daquela, por ser tão restrito
mas que vem tão calma

E há de vir, ainda nesse cidade
com teu olhar bonito
que me abraça a alma.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Saudade.

Querida,
eu diria "No fim estou feliz.". Isso é uma grande mentira, eu não estou feliz e não estou perto de estar. Só sinto, além do grande vazio, saudade. A saudade é triste e feliz ao mesmo tempo, são antigos sonhos, que parecem tão distantes hoje. Naquele tempo, eu não fazia ideia que olharia pra trás querendo mais, hoje me pego olhando a sua foto por horas, às vezes. Fazendo sempre aquela velha pergunta "Eu fiz certo?" ou pensando "Eu realmente sou um bobão imaturo".
Sentir saudade é admitir que estava errado.

Entretanto, hoje, eu não vejo como voltar.. Pelo que percebi, me perdi. Aqui no vazio não há nada nem ninguém que vá me falar, sem falar no meu medo, de mais uma vez, te fazer chorar. Eu, definitivamente, não quero.
E se hoje te encontro feliz, vou me esforçar pra dizer que no fim estou feliz, mesmo não sendo verdade. Serei menos egoísta.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

toque da manhã

ventando o vento perpassa o rosto
chovendo a chuva cai cai na cabeça
esquentando o sol vem como sempre
sombreando a nuvem, obrigado nuvem,
nos acalma e nos acolhe

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Mais um arrependido em Ipanema.

Eles estavam lá, eu podia os ver. Daqui da calçada eu via duas sombras postas ao por do sol ao fundo, mergulhando no mar. A brisa era fria e ela estava com seu vestido creme mais bonito, ele estava com a camisa da famosa banda, Pink Floyd. Ela estava encantada.

Era fácil notar que aqueles dois se gostavam.

Ela levantou e como se flutuasse andou pelas calçadas de Ipanema, com ele a olhando. Brilhava mais que outras moças que estavam por perto, mas só quem parecia notar era o garoto.
Aquele garoto me fez lembrar de como eu era, e como foi meu encontro naquele mesmo banco público. Eu estava nervoso, minhas pernas tremiam e quando ela disse que devia voltar pra casa, eu a deixei ir... Ela andou, olhou-me duas vezes e virou a esquina. Fui um grande tolo, mas cabia ao garoto fazer o que lhe vinha ao coração.
Observei a garota se afastar, com seu vestido a balançar com o vento que corria do mar. E então, inesperadamente, ele levanta e corre pra ela. A partir daí parei de assistir, precisava trabalhar.. Afinal, não sou porteiro fofoqueiro.