quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Vestia beje

O parque ladeava entre árvores lindas, vivas e bem verdes. A luz do sol passava-lhe pelo vestido beje, mas largo. Eu estava sentado na sombra de uma árvore, olhando meus pés enquanto acontecia um diálogo entre eles na minha mente. Ela sentou e perguntou se eu estava de mal com eles. Meu próprios pés! Eu disse. Ela se espantou e levantou. Eu tinha gritado. Mandou eu procurar um advogado pros meus pés, eu poderia ser tolo o suficiente para cortá-los fora e ela parecia perceber. Disse-lhe que tinha entendido errado, eles viviam um romance e eu? Apenas um trovador. Ela mordeu o lábio disfarçando o riso e escapou-lhe um riso frouxo, era como se aquilo fosse tudo que eu estava esperando desde o dia em que nasci. O parque. Meus pés. As árvores. A garota. Mas quem diabos ela era? Perguntei seu nome mas ela não prestou atenção, olhava o céu como se tivesse perdido algo lá, talvez uma de suas nuvens de estimação, não poderia imaginar. Ela me olhou sonhadora e disse que se eu quisesse poderia passear com ela pelo parque, disse que também poderia levar meus pés problemáticos, ora de bem ora de mal. Suspirei e a segui.