Tudo referia-se àquela panela, naquele fogão. O ar descia numa grossa fumaça de cheiro bom e enchia os olhos dela de lágrimas, nem de felicidade nem de tristeza. Ela mexia mexia mexia como dizia na receita e engrossava o chocolate, cantarolando ora no pensamento, ora na cozinha. Abriu a geladeira e desviou uns tantos potes e uma melancia a fim de arrumar algum espaço, nutrindo do fundo do coração que o aprouvesse tanto quanto a presença dela, que era de longe, o que mais importava a ele.
Virou o brigadeiro num prato (daqueles fundos) e o enfiou na geladeira, então a fechou com um sorriso nos lábios, com olhar distante e pouco concentrado, vivia lá dentro da cabeça e quase nunca cá fora. Obrigou-se a acordar e foi se vestir enquanto esperava a visita dele, dos cabelos encaracolados.
Obs: Costumam dizer que o chocolate é amigo do velho coração partido, costumam dizer. Eu digo que o chocolate é amigo do coração, tanto partido como não. É amigo também de corações inteiros, aqueles que um dia já foram e aqueles que ainda são. Lembrei-me de tudo isso após preparar um brigadeiro e bem, nham nham...
Até logo.
sábado, 12 de janeiro de 2013
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
um garoto imberbe caindo por alguém
foi num carro
ao que o sol beijava
tua janela:
aquarela
curva pra cá
e tu caía aqui
curva pra lá
e eu em ti
mascava chiclete velho
enquanto olhava
ora cá, ora lá
ao sol vermelho ou a mim
eu atendia ao seus olhos
no profundo coração
rebentava como torpor
e transformava-se:
amor
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
o que há para lá do meu sorriso?
um dia forçou-me a rir
entoando cantiga
falando de mim
e doeu-lhe o coração
onde num céu abriga
um sorriso assim
e então chorou
de doer barriga
corou tom carmesim
um dia peguei-lhe a mão
num toque então
pra lembrar de mim.
entoando cantiga
falando de mim
e doeu-lhe o coração
onde num céu abriga
um sorriso assim
e então chorou
de doer barriga
corou tom carmesim
um dia peguei-lhe a mão
num toque então
pra lembrar de mim.
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