quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A palavra beleza teve a fineza de lhe acompanhar por sua vida.

               Era verdade, assim como o céu ou o chão. Aliás, era tanta verdade que não lhe cabia em casa. Então, ela caminhava de sua casa ao corcovado. Como em pálidas pinturas com tintas vagabundas dum artista qualquer de rua. Ela, com certeza, foi pintada uma centena de vezes. O sol em bela-cor banhava todo o calçadão, no qual era verdade e a própria passava vestindo a roupa feita a pincel fino. Seus cabelos ondulavam o vento em ternas pinceladas despreocupadas. Era que aquele cara, que costumava pintá-la, já não se preocupava em escondê-la. Ela estava, e deve estar, numa parede neste instante, presenciando o amor desnudo dumas pessoas desconhecidas retorcidas no cobertor. No Rio faz tanto calor... Poderia ser em São Paulo, ela não chegou a mencionar.
               Sua verdade não era questionada. Eu a olhei com saudade, daquele quadro presa num tempo só dela, presa num sonho em tintas foscas.

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