segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

os 4 caras

Guitarras e fios, caixas e batidas. Naquele sítio onde as plantas cresciam coloridas e o sol sorridente, havia 4 caras. Encaixavam-se, com certeza, entre os loucos que não seguiam a multidão, faziam multidões. Notas no piano e brincadeiras na sala, barbas por fazer e canções a escrever, manhãs ensolaradas ou chuvosas.

O que lhes ocorria, era que fizessem música com o poder de levar as pessoas para fazer viagens dentro do próprio corpo, da própria cabeça. Eles conseguiram. Afinal, evidente que os próprios viajavam antes de nos dizer a fórmula, a qual fazemos com elegância, apenas com sons de guitarras vibrando ou baixos dançando. O poder da música é claro mas o poder da música deles é brilhante e digo mais, é mágico e psicodélico.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

alô, mar

Tenho pra mim que é o único que me compreende. Esse mar.
Até mesmo meus amigos me enxergam distante, apesar de eu tentar não transparecer meus medos e dúvidas. É que esse mar consegue me ouvir sem problemas, não importa o tamanho do problema, afinal, vocês já viram o tamanho do mar? Não importa o quanto o problema me atinja, afinal, o grande mar leva embora meu pesar.
Gostaria de acreditar no que escrevi, afinal, não escrevo a muito tempo, sinto-me cada vez mais vazio de novidade, criatividade ou vida. Talvez o que eu esteja precisando é de um bom e velho banho de mar.
Mas será que o mar vai me perdoar?

sábado, 19 de novembro de 2011

o dançarino da alegria

quando era moço
foi separado de sua amada
por um mar de fogo
queimou-se todo e de nada adiantou
criou uma máscara
a qual jurou honrar
dançou por sua vila
toda noite e dia
alegrando aos tristes
alegrando aos doentes
mas nunca mais a viu
a saudade o fazia chorar
e quanto a solidão o mesmo
desapareceu numa manhã
para nunca mais alegrar

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O enfermeiro apaixonado.

Hoje eu vou lhes contar minha história, de quando eu era mais moço e tava começando a viver. Sou russo e na época eu tinha 23 anos, essa história vai se passar em 1986.
Naquela época eu havia me tornado enfermeiro 1 ano antes do acontecido, trabalhava no único hospital da Rússia que tinha atendimento para acidentes radioativos e nós soubemos que de fato, havia ocorrido um acidente na Ucrânia, um reator explodiu e uma cidade inteira foi evacuada de suas casas, a maioria delas já estava contaminada por permanecer na cidade por até 2 dias depois da explosão por culpa do governo.
Muitos homens, mulheres e crianças vieram para o hospital que eu trabalhava, afinal, era o mais próximo. Foi quando, de uma das janelas do 2° andar eu a vi, estava sorrindo, parecia saudável e conversava com outra moça cujo rosto já nem me lembro. Quando chequei quem eram aquelas pessoas, descobri que eram da cidade de Chernobyl, exatamente a cidade contaminada.
Enchi-me de tristeza na mesma hora, como enfermeiro, já podia imaginar o destino da maioria daquelas pessoas. O que me faz mais infeliz é na sala em que todos foram colocados eu podia sentir que a linda moça que estava rindo a pouco me olhava da mesma forma que a pouco eu a olhei.
A última vez que a vi, eu estava com uma roupa especial contra radioatividade e ela estava com mais de 90% do corpo com queimaduras de 3° grau, olhar vago, olhar de dor. Parecia pensar numa outra vida, com filhos, talvez netos.
Eu nunca a esqueci.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

flor do sertão

flor do sertão
a maior dali
vivia por este lar
com muito pesar

entristecia a cá
porém ninguém ali
sabia o porquê

chorava sem parar durante dias
transbordava amor do sertão
no coração das pequenas

domingo, 2 de outubro de 2011

pirata dos ruins

eu pretendia mudar a estibordo
enxergar mais que o capitão
e até ganhar o maior peixe na janta
mas viramos a bombordo
o capitão me mandou lavar chão,
me sobra a única esperança
dum marinheiro ferrado,
sozinho, solitário
deitado, vizinho
dum rato

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

venha cá que de lágrima e saudade eu não sei viver

mortos de desejos
mortos antes da última nota
eu a abraçava tão forte
que já nem sentia a dor
e aquelas flores em seu cabelo eram de apreciar

meus ouvidos já não ouviam os choros
e o sol já ia subindo pela janela
e meu amor já ia subindo com ele
deixando-me sem chão
onde haveria só solidão
pela resto da minha vida

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

amor, é rio de janeiro (também)

olhando pregado no chão de domingo
avenida, carros, Preocupações
chuva, cheiro de podre, Polícia
malas, gravatas, Paletós
cinto, algema, Marginal
castigo, choro, Morte
só, sozinho, Solidão
olhando pregado no chão da Brasil
apenas mais um corpo
no meio da multidão

domingo, 18 de setembro de 2011

amor, é rio de janeiro

o lindo azul da maré
junta-se com formoso amarelo
do sol, sorrindo vai até
onde meus olhos veem belo

o teu sorriso fundido com o mar
coisa que me faz, jurar não esquecer
porque pode bem ser o tempo de qualquer
mas de tão raro, me obrigo a guardar

me dê a mão, fique se quer me amar
eu sei que quem nos separa, a estrada
está nos chamando, conquanto,

eu só quero continuar sentado na areia
e ver-te de longe, cheia
do vento que sopra do mar

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Qual é o passado dele?

Dentro do quarto de pensão, o velho teimava em não dormir, pois sonhava com o passado, que a tanto não estava ali. Durante meses, o velho buscou sorrir, apenas por estar vivo, mas já não sentia vontade e a tristeza estampava seu rosto. Tinha surtos de nostalgia com a velha fotografia na parede:

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

versos do coração do cais (sem métrica)

ele não está partido
está batendo apito
aviso há algo nele
além do estar vendo
além algo que fere
alguém que expulsa
com repulsa
ele não pode estar
porque ainda o sinto
bater alternar
bater como um sin(t)o
forte como o amor
ou a dor
o que será afinal?
ou por que será afinal?
quanto já pensei que por mim
já descansei no teu
hoje o inquieto é meu
e de pensar tão
cansado estarei
preciso do seu coração
eu sei

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

tristeza a carregar e eu só a pesar

Eu me sinto infeliz e ninguém parece notar
Eu me sinto infeliz em todo lugar
Eu me sinto infeliz e ninguém procura entender
Eu me sinto infeliz até no meu lar
Eu me sinto infeliz e com o coração na mão
Eu me sinto infeliz e maltratado pela escola
Eu me sinto infeliz e posso sentir o vão
Eu só me sinto infeliz e nada pode mudar agora.

domingo, 28 de agosto de 2011

versinhos da laranjeira e da composição

de pé ao pé da laranjeira
de pé ao pé de uma canção
de pé num galho da laranjeira
não mais de pé, mas de bunda no chão

sábado, 27 de agosto de 2011

cidade

na cidade há luzes
que iluminam edifícios
há luzes que revelam formas estranhas
na cidade há sons de carros
há carros na calçada
mas na cidade não vou ficar
porque se com ela eu for viver
e quanto meu bem-estar?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

quem segue tá seguindo o desejo de cada qual amigo, amor ou ladrão

o fugaz momento, momento fugaz
rápido, não está mais lá
só há pranto e de pranto
o amor segue

o rapaz tolo, tolo rapaz
tímido, deu-me o pé de maracujá
ó, por quanto em quanto há amizade
e o amigo segue

o incapaz curva-se, curva-se incapaz
válido, tu ainda és
nó, há o nó na sociedade: ladrão
eles estão bem vestidos e seguem.

domingo, 31 de julho de 2011

o rato nordestino

queijo da geladeira
tão longe tão distante
a minha brecha anda tão vazia
e minha barriga roncando bastante

gato, gato, gato guardião
deixa teu posto, vá embora
não há saída aqui no maranhão
só a geladeira com meu queijão

faça como queira
eu faço da minha maneira
pois sou rato nordestino

quando der por conta
apenas não fique tonta
pois sou ligeiro e pequenino.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Reflexo interno.

Há algo que gosto tanto que nunca falei pra ninguém.
É algo que me faz bem e me conecta com um mundo novo e completamente mágico, e nada mais é que tirar as notas do amanhecer com meu violão. Eu consigo viajar pela minha mente apenas sentindo o alvor e escutando minhas notas favoritas, essa viagem é diferente. São tantas cores que mal posso contar, são tantos aromas e formas que mal posso distinguir. A felicidade é iminente quando buscamos nos conhecer, quando conhecemos nossa identidade.
Dentro de mim há paz, há de tudo. E o mais importante é não se sentir tão só, não com todas as emoções envolvidas nesse processo.
Apenas feche os olhos e sinta tudo por baixo de sua pele, não esqueça de estar confortável.

domingo, 17 de julho de 2011

o que é importante

junto a mim
junto assim
nada é de mais
em você há paz
venha a mim
nada de somenos
se posso por mim
com você trocar acenos

sábado, 9 de julho de 2011

paz

simplesmente busque, busque o simples.
nada como encontrá-la

tempo que pra mim está chegando ao fim

tempo só se deixa passar
sem pesar
o amor
que desatina dentro de mim
quando se vê
nada restou

tempo só se vê passar
sem aproveitar
o aconchego
que numa casa buscou
o apreço clichê
porém essencial

tempo, não posso te chamar
não mais,
pra doar-me
amor ou aconchego

passou, como passará pra vocês
e nada levo
se com o tempo
tudo ficou

quarta-feira, 6 de julho de 2011

perdido não mais se com você encontro a paz

um dia, perdido em seu coração
reparei que só estava descansando a cabeça
e quem quereria pensar
quando se está no aconchego do amar?

só restava pedir como senhor camelo:
oi moça, por favor, cuida bem de mim

sábado, 2 de julho de 2011

querido amor

de nada vem de lá
só não saberá perder
se por nada, vem cá
vontade há de conviver

de saudade vou vivendo
a vida, quase um tormento
tristeza é viver longe de você
e agora, amor?

se o amor entrar pela janela
há de ver se com ele vou ficar
e quem sabe averiguar e certificar
que apenas você é meu querido amor

domingo, 26 de junho de 2011

Asilo.

Hoje, visitei um asilo.
Conversei com algumas senhoras e elas me respondiam com vários sorrisos, claro, elas ficaram felizes com minha visita, infelizmente, uma das únicas que receberam. Essas senhoras sofriam com algo que muitas pessoas têm medo, a solidão. Os sorrisos estavam lá, mas eu podia notar o olhar distante e triste delas e aquilo mexeu muito comigo e me fez pensar em tudo o que acontece na vida. Fiquei triste, mas estava ali para passar felicidade e afetividade à elas, não sei se consegui mas tentei.
No final, peguei um velho violão a fim de entreter elas e cantar alguma coisa, toquei "All My Loving" dos Beatles e "Anna Júlia" dos Hermanos entre outras e elas me abriram sorrisos dançando e cantando junto e senti que a interação estava ótima, me despedi delas e com mais sorrisos pediram que voltássemos.

Reparei em outra coisa enquanto estava lá, uma borboleta negra que estava no pátio, ela tentava voar, mas não conseguia devido a uma asa destruída, e vi que aquela borboleta estava num lugar onde outras pessoas sofriam com o mesmo, o abandono inconfortante de estar ali até o fim.
O máximo que posso fazer é voltar e continuar levando algum tipo de alegria àquelas senhoras.

sábado, 25 de junho de 2011

1

eu que não conhecia o amor
vou saber o que é amar?
sem nunca te encontrar
poderá, não ser o que espera

eu que julgo o amor assim
mas nunca aprendi por mim
só não saberia ter
alguém a me lembrar de sofrer

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Engrenagens pensantes causam anomias no capitalismo, minha gente.

Ainda expondo ideias, ainda posso.

Um dia, sentado no chão do meu quarto vi que algo estava a me olhar bem embaixo da minha cama. O olhar era frio e sem sentimentos, quase mórbido. Olhei nos olhos da forma, que cada vez mais, me deixava triste. Sem medo lhe perguntei "Quem ou o que é você?"
Quando as palavras saíram da minha boca senti uma péssima e uma ótima sensação: a péssima era que questionar aquilo o deixava inquieto e com mais vontade de me deixar com frio. A ótima era que questionar aquilo me fazia pensar que se todos fizessem isso, talvez, tão grande aquilo não seria.
Numa voz grave, como se quisesse mostrar que tinha o controle sobre mim, falou "Sou o capitalismo. Mas importante é você saber quem és: uma engrenagem."
Já não estava assustado e disse "Engrenagens não pensam."

sábado, 28 de maio de 2011

Afinal, há crocodilos no lago mas nós temos uma ponte

Hoje percebi
que o medo de amar provém do medo de perder
e hoje me dei conta
de que vou deixando a vida passar
por medo de viver,
de arriscar.

E se tudo nessa vida tem propósito
muito por ser eu quem escolho o caminho
tanto por ser eu quem fará de mim
um pobre coitado ou bandido solitário
me detenho a acreditar.

Mas ainda posso ser herói
e ver-te como princesa
gritar meu nome e do meu cavalo.

E aí descobrir que o medo está longe
mesmo você também estando,
querida, eu não me importo.

Há de ser você quem me fará pensar
e rever meus erros
há de ser você quem me trará de volta
e no fim, serei apenas salvo de mim
por você.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Maldita ou bendita, é dita.

Paz, não há,
ilusão distante é acreditar,
tropeçar no tropeço
a humanidade segue,
ilusão é estar-se bem
num mundo desigual.

paz, há de se buscar
se quer a verdade achar
num quarto de pensão
ou num monte de terra
o mundo é um só

e só deixo-o passando
eu vou aceitando
alguns com fome pedir
nada mais que pão
e o pão indo pro lixo
na minha própria casa.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pense!

Influencia está descobrindo meios de entrar em nossa mente, e no fim, sempre consegue.
Eu escrevo o que penso, eu penso. Eu penso processando o que conheço, destilando outros pensamentos, concordando ou não, criando a própria filosofia e achando meios de provar o que penso.
Imagino em apartamentos pequenos, transmutações de gênios que já foram. Meu pensamento é totalmente influenciado, até eu questionar. Enquanto homens buscam respotsas na terra, quanto tempo vai levar pra questionarem mais os moços dos discos voadores? Esses sim, têm os olhos abertos. Eles estão vigiando todo o sistema como macacos olham da janela, mas esses não têm medo de sair, diferente das pessoas sem identidade.
E quanto a mim, remexendo meu mini universo que eu chamo de mente, penso e existo, penso e insisto que aqueles que se prendem a um modelo utópico estão mentindo para si mesmos, até sabendo disso. Mas para macacos medrosos, só resta olhar e na verdade, não existir, só servem pra dar continuidade ao sistema, sendo mais um tijolo na parede.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

oNa.

De repente, tão de repente
Que não pude nem pensar
De repente, tão de repente
Que não há como mudar

Pensando, agora, eu estou te vendo
Sorrindo e dizendo que sente frio
Mas, engraçado, eu que estou tremendo
Você nota, me abraça e perco o vazio

E vou vivendo, também uma nova amizade
Que me faz bem, tanto faz se é de longe
Antes de tudo vale estar feliz

E com o N, eu vejo como um selo
Lembrando que nunca faltará zelo
E ser feliz, é também pintar e esquentar o nariz.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Seguindo o realejo perfeito.

Será desse cara do ônibus meu amigo?
Acho jovem, mas simpatizo e dou-lhe a mão
Que por surpresa e pelos calos descubro que toca guitarra,
E me mostra.

Encantado, procuro outrora a quem mostrar seu talento
Todo o alento fica atrás e de uma vez tocando o acalento feliz, sem cansar.
Ali eu sei estar vivendo, havendo o que esperar.

Em pensar que por vezes pensamos em desistir, por vezes nada parecia fazer sentido.
Mas os sorrisos me fizeram acreditar e hoje podemos dizer: vale a pena arriscar, revoltar, intentar e inventar. Ou seria apenas mostrar a todos quem somos e porquê somos.
Voltamos ao verbo mostrar que é a simples verdade.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O que se leva dessa vida?

Quantas pessoas se perguntam, quantas morreram pra descobrir. Eu, de nada sei, meus bens materiais são fúteis, meu corpo será nada, minha vida é rara.
Mas é o sentido dela que eu ando buscando, enquanto todos tentam subir mais que os outros, enquanto não há paz, nem justiça. Enquanto há fronteiras e países e seus bens nacionais, enquanto há religiões, enquanto o mundo está cego. Eu busco um sentido, algo que possa ser inovador, que mexa com sentimentos, a saída nem sempre está no final do corredor: Eu quero sair dessa ideologia e mostrar que eu estou vivo, que eu penso, que não obedeço e faço minha vida valer a pena fora do sistema.

Porque se eu tiver fome, haverá uma árvore com maçãs, e eu estarei bem.

domingo, 24 de abril de 2011

(da janela)

Os vejo correr pela calçada de um jeito único, ela com cabelos de fogo, ele com camisa do Rio, da minha janela eu vejo: dois pequenos corações, um com o outro. Mas da janela é frio, não tem som, nem bate o sol que clareia o tempo. Então eles descem nos degraus da praia, o sol os encontra e os olhos dos dois se encontram também, como em filme. Difícil falar qual era mais verde, os olhos dela ou o mar. Imenso no fundo, não azul. Todas as nuvens estavam com vergonha do brilho do sol e decidiram não aparecer, sem tormentos, os sentimentos. E a manhã carrega o casal que ainda se olha e conversa de um jeito cativante, eu por mim, ficaria olhando enquanto meu bem compra pão, ventos percorrem balançando árvores na calçada, porteiro olha para o relógio antes de voltar ao jornal, mulheres correm na beirada da areia, vovôs desfilam suas forças mesmo com a idade, invejados por jovens, o vento balança o cabelo de todos eles, menos do porteiro que é careca, mas por um minuto eles sabem que escrevo sobre eles, mas nada importa. Convém a mim, permanecer anônimo, assim anônimos eles ficarão.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Nome.

Estou apaixonado por você
Mas não posso te dizer
Com medo do que há de ser
Se eu te perder

Estou vivendo e vendo
Seus olhos novamente
Estou vendo e vivendo
Um romance diferente

Talvez o último, mas ainda
Com você quero compartilhar
Mesmo sem coragem, minha linda
Sem coragem eu prevejo

Todo esse amor transbordando
De um coração abatido,
mas nunca partido, partindo
Para uma viagem com a vontade,
E que a ela vai aconchegando
Devagar o meu amor.

domingo, 10 de abril de 2011

Ditados alguns populares.

Acordei meio tonto com o tanto de pessoas que estavam andando pela minha casa, eram umas pessoas altas e algumas bem baixas, mas não reconheci ninguém. Eles estavam bem achando que essa era a 'mãe casa da joana', não é? Porém, ainda assim eles passavam por mim parecendo não me notar.
Uma moça, enfim, me notou naquela cama, meio suado e com cara de sono. Ela vinha andando como quem 'paquete estar de' e me perguntou onde era o banheiro, mas na verdade 'patavina não entendi' e fiz cara de burro pra ela. Ela me olhou desconfiada e saiu depressa. Continuei deitado, 'morte pensando na de bezerra' até que um presado senhor grita 'nhenhenhem de deixa'! E eu voltei a realidade, levantei e fui falar com o senhor, ele me olhou intrigado, com o mesmo tom de olhar que a moça mestruada: "amigo, você está bem" me perguntou. "Olha, quem são vocês?" "Somos pessoas de outra realidade, você está em outro mundo, vê ali aquela criança, ela também está em outro mundo." Quando vi, me peguei olhando pro sobrinho da vizinha, ele estava triste e nenhuma dessas pessoas parece ligar, mas é claro 'cego pior ver que não o é quer o'.
"Ei garoto, o que faz aqui?" "somos 'virada pá da' por aqui, senhor" "Isso eu to percebendo, amiguinho, quer dar uma volta?" "Beleza." Saímos 'andar toa à' pelo mundo a fora, coisas abstratas voavam perto de nós, mas o menino não tinha medo. E apesar de eu estar com medo, relaxei com a presença da criança. até porque ' gato cão caça quem tem com não'. Andamos e andamos até onde 'perdeu Judas botas as onde'.

Acordei novamente na minha casa, não tinha nenhuma pessoa.
Entretanto, quando estava voltando da padaria com o pão, o sobrinho do meu vizinho me olhou e sorriu pra mim e eu sorri pra ele.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

De qualquer forma, amor.

Quando não sinto você, estou só
Quando estou triste, não estou só

Hoje, eu sei que tenho que viver antes de mais nada. Viver por mim, antes de viver por você. Viver por você será consequencia de viver por mim. Um cara amigo(meu eu interno), me disse certa vez que muitos anos podem se passar, mas as felicidades ainda serão as mesmas, mesmo se eu estiver calmo ou nervoso. E vejo o amanhã com outros olhos, agora. Quase posso senti-lo, mas não quero estragar nenhuma surpresa. Dito de forma diferente neste instante, não preciso sempre da formalidade pra expressar minha vida, mesmo quais sejam.

Só me senti bem, vindo até aqui, dizendo a quem estiver me lendo que o ontem só passa quando nós não nos importamos mais, porém nós temos o poder de fazer dos momentos bons um porto seguro e excluir tudo de ruim que já passamos. Eu estou aprendendo com essa vida louca que nem eu mesmo sei o que é.

E depois de tudo, vejo por ela, fico triste por ela, sinto o toque dela.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Me despeço com um oi

Fui guiando minha vida por uma viela estranha e compacta à vida, distante de algo novo, perto do tédio de cada dia. Mas até vielas têm esquinas, mesmo que minúsculas (se tratando de outras muitas). Numa das esquinas eu a vi parada, olhando o relógio, talvez estivesse me esperando, talvez outro. Porém é tão mais difícil estar longe de ti que me perco nos passos que já estou dando na tua direção. É algo engraçado estar olhando-a tão de perto sem ter coragem de lhe chamar, talvez para saber a hora.
Sinto muito, meu bem.
Seguro, eu não sou. Você parece notar, mas me acolhe e eu caio depois de toda minha vontade de poupá-la de mim, o maior problema é acabar caindo numa viela monótona e perder o rumo.
Digo: eu não sei o que é isso.

terça-feira, 29 de março de 2011

Soneto 4

E eu vou vivendo, solitário
Dizendo a mim mesmo não ligar
Dizendo a todos estar bem, mas contrário,
Como sempre só, vivo a andar

Na estrada, que recolhe sem objeção,
Vivo sem um fim, buscando o amor
Ou será que o achei num coração
Que ama a um pobre escritor. (barato)

Mas vale estar só, do que magoando
Vale estar só que destruindo
No entardecer, verá, minha vida é distante

Distante de você, dela, viajando
Por detrás dos montes, provindo, lindo.
A assistir o amanhecer subindo radiante.

domingo, 27 de março de 2011

Radioatividade.

Eu não queria acreditar nas fotos, mas a verdade é que eu fiquei chocado e perturbado com tudo aquilo. E toda vez que a realidade crua daquilo era mostrada, se tornava mais difícil continuar descobrindo. Difícil é viver sabendo que milhões de pessoas sofreram com esses erros humanos estúpidos, não há palavras que descreverão o terror daquele cenário.

(Chernobyl, 1986).

sábado, 19 de março de 2011

"Eu sou americano" pf

(Na)quele momento os policiais (ver)ificavam meu passe, (da)vam e (de)ram voltas até que aquilo estava me deixando louco, porém, (sou)be (me) controlar ao má(xi)mo. Aqueles (ca)ras (no)tavam minhas emoções, pois estavam muito fortes (mas) tentei relaxar e com calma fui dizendo "Não sou cara de ca(na)". (Fal)ei n(a) calmaria e até acho que colou pois o sujeito perguntou: "(Não) precisa alegar nada, só queremos ter certeza de que não (há) ilegalidade". (Pa)rei (Rente) ao policial e as sínte(ses) do problema eu enxerguei, (para)ndo fir(me) eu disse: "(De)ixe o documento, (nun)ca vi isso. Eu sou americano!" colou mesmo, e como são estúpidos esses poli(ci)ais. Me deixaram livre ao (ar) dos Estados Unidos.

sábado, 12 de março de 2011

O dia da dona flor.

Dona flor é amiga das Marias, das Joanas, das Carolines.
Dona flor ironicamente sobe por uma flor para alcançar o alvor, o vento balança suas antenas e ela pensa "minhas antenas são minhas antenas felizes antenas", na verdade, eu inventei esse pensamento porque Dona flor não me contou o que pensou, e veja bem, eu quase implorei. Ela só gostava de ir pra cima daquela flor, a Dona flor, e pensar na vida ao ver o amanhecer gigante.
Dona flor (que é uma formiga) vai catar comida de formiga com as Carolines. Quando o sol se põe ela sobe na flor mais uma vez, pois essa formiga é daquelas com toc, sabe?

Um belo dia, Dona flor procurou sua flor mas não a achou, só viu um homem indo embora com ela nas mãos, sabendo do desespero de Dona flor, todas as Marias a ajudaram a superar os obstáculos de viver sem a flor. A verdade era que Dona flor tinha perdido sua maior amiga, a flor.

Quando que em outro belo dia (mais belo do que o dia do parágrafo anterior) Dona flor avistou sua flor, no alto de uma janela no segundo andar, ela teria que escalar, levaria dias (formiga não pode se dar ao luxo de ficar sem trabalhar), porém, as Joanas prometeram cuidar da sua parte. Dona flor viajou por dias, até que escalou escalou escalou sua flor e olhou o horizonte distante: um ainda maior amanhecer estava brincando de ser lindo por lá, e Dona flor estava feliz novamente

sexta-feira, 11 de março de 2011

C1

Mostre, goste, prove, prolongue, prometa, violeta, flor, amor, dor, leitor, você, clichê, outro, porto, cais, esperança, perseverança, constância, pudor, alvor, claridade, caridade, piedade, saudade, para sempre.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Não pensei num título.

Então hoje nem era meu dia, estava quente e abafado, estava suado, deitando na cama e sentindo que se eu dormisse agora, programaria pra acordar apenas quando o frio estivesse ali, mas o que fiz foi levantar, ir a janela aberta que não pegava sol, pelo sol da manhã estar atrás do prédio de frente. Olhei para o asfalto chato lá de cima, vi cabeças, tudo continuava tão monotonamente chato que resolvi olhar o céu, um cara grande, azul e branco por conta das nuvens, e vários pontos pretos: pássaros.

Sempre quis estar na cabeça de um desses pássaros que voam por cima de nossas cabeças e não moram num apartamento e não fazem a mesma coisa todo dia. Lá de cima eles o observam com aquela cara de tédio, respirando devagar, andando na mesma direção da multidão, rindo com o pessoal, chorando como tal do que dizem ser arte. E quando vou observar o prédio a frente, o sol aparece e eu volto pra cama.

status: suado.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

sou fraco

A saudade que está me guiando pelos dias a seguir, nem os sinto passar por lembrar de você. É estranho manter contato sem estar realmente próximo, eu digo "Já vou", Você diz "Meu bem, eu não ligo de estar tão longe". Mas eu sou fraco e eu liguei e destruí o amor. Sou fraco a ponto de te perder, mesmo sem querer, mesmo tentando ser o impossível. Estranho meu agir desde que eu desmanchei, que fico meio de lado, calado e triste.

Mas isso se dá, por eu não conseguir me desprender de todos esses romances baratos que encontro por aí "Meu bem, não pude esperar, achei meio pote de mel antes da hora, mas eu vou ficar com o pote. Quem sabe esse pote me faça sobreviver até amanhã de manhã?"
E se fizer, não me procure mais, sou eu quem faz o meu futuro. Idiota egoísta.

Faço assim, pensando bem, que é melhor não encontrar o amor porque quem não sabe, não sofre.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

esse cara

Ele não tava preocupado, não mais. A mulher tava dormindo ali do lado e ele tava feliz. Ele só não saberia, e isso nem é preocupação, ficar só. Esse cara não era um qualquer, ele não estava pra leis e nem sequer para às seis (da manhã). É que hoje, esse cara quer ficar em casa, quer curtir a garota, quer tocar na banda. Hoje esse cara vai ser de todos, que todos vão por outro lado e ele só quer ver o significado de cada um que era conhecido.
Sentado na varanda, fumando o cigarro, pensando no trabalho, olhando os pedestres como formigas desesperadas a alcançar um lugar acima de outras semelhantes. Mal pode esperar a oportunidade de cantar; falar de amor que nunca gasta e uma crítica que já não basta.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Soneto 3

Amanhã o inverno vai chegar
Vai trazer o que é bom saber
Quanto a nostalgia a brilhar
Como sempre, a tecer

Depois eu vou te ligar
Só pra não restar o que dizer
Sobre o que é sonhar
Como sempre, com você

Mas meu jeito simples de falar,
Escrever o amor e mostrar
Não vai calar minha emoção

Porque quando você deita
Eu não quero que tenha supeita
De como eu gosto dessa estação.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Reformada após ter vivido o que muita gente não teria coragem de ver

Eu nunca a vi
Tão arrumada
Para pescar, a beira mar

Eu nunca a vi
Sonhando alto
Olhando ao longe, como quem diz:

Que nem tudo
Que eu quero
Está aqui, está ali

Mas eu levo
Por onde passo
Esse conselho
De quem já viu

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Aviso despreocupado.

Um dia, andando pela rua larga, ouvi o chamado de um senhor que estava sentado num banco velho e enferrujado. Quando o olhei, ele me chamou novamente, agora em silêncio e quando me sentei ao seu lado ele falou num sussurro que só eu poderia ouvir:

“Ela está longe, mas ainda assim, ela te ama. Ela não pode te abraçar todo dia, mas ainda assim, ela te quer. Ela parece não ligar, diz por dizer as palavras de amor, o que faz você duvidar de tudo aquilo, ela só não quer parecer fraca. Ela só não quer o perder de um jeito a não despertar mais sua curiosidade.”

Susto.

“Sempre que ela fala contigo, só quer saber como está se sentido hoje. Então, não machuque, não despreze, não destrua, não faça nenhum mal”

O senhor levantou do banco e saiu andando mancando por entre aquelas pessoas cheias de preocupações. Só pude olhá-lo sumir.