a cidade dorme junto conosco
num derradeiro sentido de não ser
e você diz ser vento
diz ventar
vai molhando meu rosto
desgosto, mas tão sinceramente
que não mente e não nada
eu me perco e me acho, mas volto a me perder
e isso cansa tanto...
quando você me disse que era vento
acreditei tanto que te senti nos outros dias
e te fiz bem-vindo
te ofereci café
te sentei perto de mim
te fiz me contar o tempo
engastei teu vento
e quis dormir
mas a cidade acorda
em seu egoísmo de ser
e você dança maravilhosamente
sendo vento pelas ruas
transformando árvores em mar
entorpece
queima
corrói
dói
e vai permanecendo sem saber
veshkas
quinta-feira, 31 de março de 2016
terça-feira, 22 de março de 2016
a morte do dia a dia
mas isso é: todos os dias
eu tenho medo
sentir me assusta tanto que finjo não sentir
porém não há o não-sentir
e sufoca-se em si própria
e acaba por morrer
de sentir
eu tenho medo
sentir me assusta tanto que finjo não sentir
porém não há o não-sentir
e sufoca-se em si própria
e acaba por morrer
de sentir
segunda-feira, 7 de março de 2016
ora a saudade
é uma dessas dores de cabeça em que tu começas a inventar desculpas para que ela não exploda sujando o ônibus vazio. ao redor a luz forte de néon vermelha com o nome do ônibus é praticamente uma tortura aos olhos e a careca do motorista me olha como quem diz "como é que é? o que tá encarando?", ao que vou me ajeitando no banco e tento respirar fundo, mesmo que a cabeça continue latejando. era de imaginar noite como essa, em total desconforto, asco na garganta. penso ainda mais uma vez na minha vida e a única vontade que dá é de dormir e dormir por vários dias e acordar com uma boa notícia. talvez sejam devaneios de ônibus, talvez tais devaneios entrem pela janela aberta sujando o meu rosto e manchando-o de tristeza, talvez isso dê um bom quadro.
pinturas em madeira
em verdadeira madeira
com verdadeira tinta
verdadeira mão
é bem verdade
tanta que penduram
não por beleza, mas por saudade
ora a saudade
que tanto a apetece
ora a saudade
(inesquecível e escondida)
pinturas em madeira
em verdadeira madeira
com verdadeira tinta
verdadeira mão
é bem verdade
tanta que penduram
não por beleza, mas por saudade
ora a saudade
que tanto a apetece
ora a saudade
(inesquecível e escondida)
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
estátuas equestres
me contaram certa vez
aquela história das estátuas equestres pela cidade
para aí fiquei estarrecido e curioso
estariam os cavalos me ensinando história?
tudo se passava assim:
se o cavalo está com as duas patas dianteiras no ar
seu cavaleiro
morreu em combate
se está com uma das patas dianteiras no ar
seu cavaleiro
pereceu devido aos ferimentos da batalha
ora, se as duas patas dianteiras estiverem no chão
no máximo desfalecimento, porém nada de combate
a morte se dava por doença ou de velhice
ou ainda qualquer outra
após bastante tempo acreditando, descobri ser lenda
hoje passo com ar de descrédito ao lado delas
como se tivessem me enganado
por toda uma vida
entretanto meu ar não deixa de ter certa vergonha
quando as cruzo em qualquer avenida
aquela história das estátuas equestres pela cidade
para aí fiquei estarrecido e curioso
estariam os cavalos me ensinando história?
tudo se passava assim:
se o cavalo está com as duas patas dianteiras no ar
seu cavaleiro
morreu em combate
se está com uma das patas dianteiras no ar
seu cavaleiro
pereceu devido aos ferimentos da batalha
ora, se as duas patas dianteiras estiverem no chão
no máximo desfalecimento, porém nada de combate
a morte se dava por doença ou de velhice
ou ainda qualquer outra
após bastante tempo acreditando, descobri ser lenda
hoje passo com ar de descrédito ao lado delas
como se tivessem me enganado
por toda uma vida
entretanto meu ar não deixa de ter certa vergonha
quando as cruzo em qualquer avenida
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016
oirartnoc oa anoicnuf
olhar que molha você sente?
mãos em êxtase em mim o conforto o chão é mole
a boca que chora e me sinto perdido
pés em desalinho é irrefreável
e a chuva dançando
achando graça dentro de si
de tanta beleza caindo infinitamente
em sonho em céu
escorregando corpo em pálpebras
corpo em pálpebras escorregando
em sonho em céu
caindo infinitamente de tanta beleza
dentro de si achando graça
e a chuva dançando
é irrefreável pés em desalinho
e me sinto perdido a boca que chora
o chão é mole em mim o conforto
mãos em êxtase
você sente? olhar que molha
domingo, 31 de janeiro de 2016
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
torpe
aquelas tantas horas passam-se arrastando no chão, lamuriando e sujo. chão de pedra rústica e cinza, coberto dum monte de mentiras, vômitos e desilusões. em qualquer direção bastava uma olhada (mesmo de pálpebra baixa, realmente não importava) e lá estaria a música, as pessoas e as luzes psicodélicas. a idade da juventude em contraste com a enfadonha sensação de nada.
sensação de nada é talvez a pior de todas as sensações. daquelas em que gasta-se tempo deveras longo pensando, funcionando como uma broca penetrando tão fundo quanto possível. mesmo assim, nada. a ideia de nada me assusta mais do que as outras ideias. desnorteia e distorce o redor e na verdade não cria nada, mas recria
então o corpo pesa e implora o entorpecer e a mente se dissolve no alvorecer
o dia vai nascendo devagar em milhões de frames
e os olhos vão pesando conquan
to a música baixando
momentos perdidos
gastos, abatidos
e o nada
nada
sensação de nada é talvez a pior de todas as sensações. daquelas em que gasta-se tempo deveras longo pensando, funcionando como uma broca penetrando tão fundo quanto possível. mesmo assim, nada. a ideia de nada me assusta mais do que as outras ideias. desnorteia e distorce o redor e na verdade não cria nada, mas recria
então o corpo pesa e implora o entorpecer e a mente se dissolve no alvorecer
o dia vai nascendo devagar em milhões de frames
e os olhos vão pesando conquan
to a música baixando
momentos perdidos
gastos, abatidos
e o nada
nada
domingo, 27 de dezembro de 2015
atualização
onde há amor genuíno, na verdade, não há nada
amor é uma espécie de utopia
onde pessoas se seguram
amor as faz esquecer o quão nada elas são
onde por sua vez, as dá ares de importância
por favor, é prepotência até chorar de amor
de tristeza, de amargura, de leitura
acontece que amor não existe
eu existo
o universo não tem significado nenhum, estamos perdidos
e eu estou sozinho
você está sozinha
todos estamos juntos sozinhos
e amor é só conforto
dessa verdade filha da puta
amor é uma espécie de utopia
onde pessoas se seguram
amor as faz esquecer o quão nada elas são
onde por sua vez, as dá ares de importância
por favor, é prepotência até chorar de amor
de tristeza, de amargura, de leitura
acontece que amor não existe
eu existo
o universo não tem significado nenhum, estamos perdidos
e eu estou sozinho
você está sozinha
todos estamos juntos sozinhos
e amor é só conforto
dessa verdade filha da puta
Assinar:
Postagens (Atom)