segunda-feira, 16 de abril de 2012

torvelinho

torvelinho
que leva coração
me deixa com um vão
hei de esperar
o torpor passar
para então com o vento
o amor voltar

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O muro

O muro branco onde ninguém passa, presente em todo ser humano, mesmo contra a vontade. Esse forte realmente afasta?
Quando caio o olhar ao muro, o que eu estou pensando? O que passa na minha cabeça quando coloco cada tijolo e preparo devagar o cimento? Às vezes, posso esperar que fique em paz, no canto, quem iria entrar? Estaria construindo o seguro, longe de todos, dentro de mim. Onde guardaria lembranças e lugares, plantas e regulares acessos ao lado de fora.

A intenção é correta tanto quanto a proposta, estar cercado pelo meu eu, fechado. Mas o muro tem duas caras, dois lados, ao mesmo tempo que protege, pede por atenção e me diga, leitor amigo, que ser cansado não debruçaria nele? Ou que ser curioso não espiaria por ele? É como imaginar o mundo, pois o irreal seria esperar que ninguém viesse ao muro, e chega a ser tão certo que se aguarda, talvez no portão.

Por solidão ou por amor, parece que quem debruça nos tem, como quem tem um coração, os amigos que se formam estreitam e os estranhos espreitam, se o muro é formoso.
No fim, estou protegido ou preso por ilusão?

um tão bem (ora na horta, ora no armazém)

porque bolo é com chá
bolo de maracujá
um que vem do ceará
e que honra a bandeira

porque pão é com café
vem até com cafuné
quando bate a maré
tão perto à ribanceira

brioche & chaleira

quarta-feira, 4 de abril de 2012

O Velho seu josé da janela

O sol vai até
Longe no mar
E desce a encontrar
O som da maré

Deve ser o porquê
Do meu pesar
Tanta beleza

Ao pé da janela
Do oitavo andar
Tão longe
De Maria e seu olhar

O qual de tão real
Nunca esqueci
Tanta beleza

Pelo qual me apaixonei
Quando era tão moço
E fico daqui
Sem motivo a todo alvoroço
Que fazem na rua
Nesses dias
De sol

domingo, 1 de abril de 2012

pão de céu

além do além do céu
ao cume o limite
um tão sobrecéu
numa surrada nuvem como bolo
se é nuvem de miolo
talvez resto de massa,
então passa manteiga e assa
pra ver se tem gosto de céu

porque céu a gente sempre vê
mas provar
é como mergulhar por lá
e deitado tão só
longe do olhar do padeiro
eu sou do céu
e o céu é meu inteiro