domingo, 24 de abril de 2011

(da janela)

Os vejo correr pela calçada de um jeito único, ela com cabelos de fogo, ele com camisa do Rio, da minha janela eu vejo: dois pequenos corações, um com o outro. Mas da janela é frio, não tem som, nem bate o sol que clareia o tempo. Então eles descem nos degraus da praia, o sol os encontra e os olhos dos dois se encontram também, como em filme. Difícil falar qual era mais verde, os olhos dela ou o mar. Imenso no fundo, não azul. Todas as nuvens estavam com vergonha do brilho do sol e decidiram não aparecer, sem tormentos, os sentimentos. E a manhã carrega o casal que ainda se olha e conversa de um jeito cativante, eu por mim, ficaria olhando enquanto meu bem compra pão, ventos percorrem balançando árvores na calçada, porteiro olha para o relógio antes de voltar ao jornal, mulheres correm na beirada da areia, vovôs desfilam suas forças mesmo com a idade, invejados por jovens, o vento balança o cabelo de todos eles, menos do porteiro que é careca, mas por um minuto eles sabem que escrevo sobre eles, mas nada importa. Convém a mim, permanecer anônimo, assim anônimos eles ficarão.

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