terça-feira, 23 de novembro de 2010

O conto de Eduarda.

Linda boneca que minha mãe comprou para o meu aniversário de seis anos que tinha sido semana passada, ela estava descabelada, mas eu já daria um jeito naquilo. Estava esperando meu pai chegar do trabalho, ele chegaria ao crepúsculo e eu gostava de sempre correr e abraçá-lo antes da mamãe, assim talvez, ele me deixasse dormir entre os dois. Hoje as coisas foram diferentes.
Meu pai chegou e não me abraçou do jeito de sempre, foi uma coisa mais gelada. Ele sentou-se na cozinha com uma cara de frustração, eu estava abalada.
Por que meu pai estava tão triste?
Dessa vez, eu traria uma surpresa pra ele. Fui à cozinha e peguei sua mão, ele me olhou com a cara de cansado de homem que trabalhou mais do que devia e o puxei com mais força. Ele levantou perguntando “O que há, Eduarda?” eu respondi com um simples “Tenho uma surpresa hoje, hoje tudo será diferente.”; meu pai intrigado foi guiado por mim até a praça que ficava em frente à nossa casa.
Lá, havia vários brinquedos: balanço, gangorra, etc.
Guiei meu pai para o balanço enferrujado e o sentei, muito curioso que estava deixou-se levar, fui pra trás dele e o empurrei.
Sem muito sucesso, continuava a empurrar. O vento iria levar suas preocupações, o vento sempre leva de tudo e hoje elas seriam. Quando voltar, se voltar perder-se-iam suas essências e amanhã seria um novo dia, com um novo objetivo a seguir.
Ele me olhou de um jeito simples e fui sentar no balanço ao lado.
Ali, ao crepúsculo de um dia comum, eu e meu pai estávamos voando alto, iluminados pelas luzes que rodeavam aquela praça. Estávamos livres.
Voltamos e aí sim, ele me abraçou de verdade. Hoje eu não precisa dormir entre eles, eu só queria dormir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário