sexta-feira, 6 de abril de 2012

O muro

O muro branco onde ninguém passa, presente em todo ser humano, mesmo contra a vontade. Esse forte realmente afasta?
Quando caio o olhar ao muro, o que eu estou pensando? O que passa na minha cabeça quando coloco cada tijolo e preparo devagar o cimento? Às vezes, posso esperar que fique em paz, no canto, quem iria entrar? Estaria construindo o seguro, longe de todos, dentro de mim. Onde guardaria lembranças e lugares, plantas e regulares acessos ao lado de fora.

A intenção é correta tanto quanto a proposta, estar cercado pelo meu eu, fechado. Mas o muro tem duas caras, dois lados, ao mesmo tempo que protege, pede por atenção e me diga, leitor amigo, que ser cansado não debruçaria nele? Ou que ser curioso não espiaria por ele? É como imaginar o mundo, pois o irreal seria esperar que ninguém viesse ao muro, e chega a ser tão certo que se aguarda, talvez no portão.

Por solidão ou por amor, parece que quem debruça nos tem, como quem tem um coração, os amigos que se formam estreitam e os estranhos espreitam, se o muro é formoso.
No fim, estou protegido ou preso por ilusão?

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