domingo, 1 de agosto de 2010

Um caso familiar.

Meu braço já doía, normal depois de ficar segurando aquela criança por mais que 2 horas esperando, esperando. Talvez em vão. Pois não via sinal daquela moça que havia me passado a criança para que fosse correndo buscar o remédio da própria. Pensei então, que a casa fosse longe, mas já estava desistindo desse pensamento. A mulher fez de caso pensado, deixou a criança comigo. Entregou a alguém que talvez fosse cuidar da menininha que estava no meu colo. Sentei para repor ideias na cabeça, estou perto da minha casa e uma estranha me entrega uma criança que pode ser ou não, sua filha.

Minha casa sempre foi um péssimo lugar para se viver. Meus pais brigam, minha irmã é revoltada e tudo está sempre um caos. Tento viver bem lá, e penso em como seria se eu a levasse pra casa.

Pergunto-me: eu cuidarei dessa criança?

A resposta que vem imediatamente me surpreende: sim.

Mas eu não estou preparada para assumir essa responsabilidade; o que falaria minha mãe, quando chegasse com esta linda menina nos meus braços mais tarde? Ou que iria dizer meu pai?

Contorno esses pensamentos e resolvo esperar e esperar mais um pouco. Em vão. Com certeza.

~

Chego em casa por volta das 5 horas da tarde, a menina dorme em meus braços e faço o possível para não acorda-la. Minha mãe logo me vê.
O rosto dela se contorceu de tal maneira que me perguntei se ela tinha gostado da visita. Mas a verdade era que ela não tinha ideia de quem era a menina. Expliquei tudo e minha mãe sentou no sofá. Respirou fundo. Disse-me baixo que eu não sabia o que estava fazendo.

Aquela menina estava ali para alguma coisa, ela me deixava alegre, feliz. E percebi que minha mãe também sentia. Ela fazia bem, nos fazia bem. Pude sonhar com um futuro.
Meu pai chegou em casa, com ares de cansaço, como sempre. Ele me abraçou forte quando lhe contei minha história, e fomos todos dormir.

Na manhã seguinte não existia mais nenhuma criança. Ela se foi e deixou sua energia em nós, fomos tocados.
E mais uma família que recupera suas forças.

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