segunda-feira, 7 de março de 2016

ora a saudade

é uma dessas dores de cabeça em que tu começas a inventar desculpas para que ela não exploda sujando o ônibus vazio. ao redor a luz forte de néon vermelha com o nome do ônibus é praticamente uma tortura aos olhos e a careca do motorista me olha como quem diz "como é que é? o que tá encarando?", ao que vou me ajeitando no banco e tento respirar fundo, mesmo que a cabeça continue latejando. era de imaginar noite como essa, em total desconforto, asco na garganta. penso ainda mais uma vez na minha vida e a única vontade que dá é de dormir e dormir por vários dias e acordar com uma boa notícia. talvez sejam devaneios de ônibus, talvez tais devaneios entrem pela janela aberta sujando o meu rosto e manchando-o de tristeza, talvez isso dê um bom quadro.

pinturas em madeira
em verdadeira madeira
com verdadeira tinta
verdadeira mão
é bem verdade
tanta que penduram
não por beleza, mas por saudade

ora a saudade
que tanto a apetece
ora a saudade

(inesquecível e escondida)

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