sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Eu era minhas costas

          Eu era minhas costas suadas na cama e pensava no pavor do mundo e como ele me escorria pelos olhos sempre que deitava, não podia pensar aí sobre como meu rosto era nem como eram minhas mãos ou aquelas rugas que começavam a brotar pelo meu rosto, eram certas como as que brotam nos outros. Não pensava sobre ser homem ou humano ou no suor na minha testa, irritava ao mesmo tempo que desnorteava minha boca com seu gosto salgado. Eu não podia pensar no pavor me escorrendo sem parar e isso me fazia completamente entorpecido porque era verdadeiro, apesar de eu não pensar nele. Não pensaria nos nós que meu cabelo já dava ou se estava eu, como que em sonho vivo nem acordado nem dormindo. Não poderia pensar nem ao menos uma vez. Haveria de não pensar em pensar por completo e dentro da mente, acenderia-se assim uma luz estranha que nada iluminaria além dela mesma e essa luz me diria que estava ali, apenas que gostaria de estar na escuridão e no pavor da minha mente naqueles dias. Parado acolá, nada disse à maldita luz porque não podia pensar nela, assim como em nada ou mesmo em tudo porque são deveras parecidos em toda sua forma de compreensão. 

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